O som e o sotaque arretado de Karina Buhr

segunda-feira, 21 de março de 2011
Quem curte música alternativa e de muita originalidade tem que conhecer o som de Karina Buhr. Baiana de nascença, mas pernambucana de alma e coração, Karina, integrante do Comadre Fulozinha, lançou seu primeiro disco solo no ano passado, conquistando a crítica e um público ávidos por novidades que fugissem do marasmo e previsibilidade da Música Popular Brasileira. O disco de estreia Eu menti pra você, não escapou das listas de melhores álbuns lançados em 2010.

Com uma voz meiga, mas língua afiada, Karina canta sobre diversos temas que vai do amor a guerra, com um discurso livre e original. Destaque para “Mira ira”, e os registros bélicos “Nassíria/ Najaf” e “Soldat”. A diversidade sonora e o colorido que emolduram suas canções escapam de uma definição de gênero e estilo, resultado da própria diversidade cultural em que viveu cercada. O sotaque carregado transmite ainda mais personalidade a sua música. Tudo é muito bem orquestrado do começo ao fim por Bruno Buarque (bateria e MPC), Mau (baixo), Guizado (trompete), Dustan Gallas (teclados e piano), Otávio Ortega (teclados e bases eletrônicas), Marcelo Jeneci (acordeon e piano), Edgard Scandurra e Catatau (guitarras).

Para quem respirou os ares de Chico Science e Nação Zumbi, do maracatu e da música de raiz, Karina Buhr não decepciona, certamente desponta no cenário musical como uma artista talentosa, moderna, multicultural, que dispensa rótulos e nos retira do estado de inércia, alguma coisa o ouvinte irá sentir, mesmo que seja estranheza, só não irá ficar indiferente. Apesar de desconhecida pelo grande público, Karina é sucesso na cena indie, e consegue dar seu recado em “Ciranda do incentivo”, uma crítica as leis de incentivo a cultura, “Eu preciso entrar no gráfico, no mercado fonográfico”.

Clique aqui e ouça "Eu menti pra você"

Para quem quiser baixar o disco clique aqui. A própria Karina deixou nos comentários do blog.

Quem é a rainha?

terça-feira, 1 de março de 2011
Quem pensa que só no mundo das divas da música pop é que existem disputas por mais visibilidade, engana-se. No mundo da Axé Music também. O carnaval vai começar, e Salvador é o palco ideal para mostrar quem é a musa, diva, a rainha do Axé. Alguns dizem que o posto de rainha do Axé continua sendo de Daniela Mercury, mas seu reinado vem sendo há muito tempo ameaçado por Ivete Sangalo, aquela que arrasta multidões, e pra esquentar ainda mais a briga tem Cláudia Leitte, cuja música é mais pop que Axé. Quem vê aquela falsa cordialidade em cima do trio elétrico, nem imagina o quanto elas pelejam para ser o destaque principal da festa, o melhor bloco, a melhor cantora, a melhor música, quem tem o melhor camarote, etc, etc, etc.

Ivete é elétrica, carismática, divertida, e é hoje a artista brasileira que mais vende discos, sendo que seus últimos DVDs ao vivo bateram recorde de vendas. Cláudia é performática, cheia de “invenções” malucas, já Daniela é mais, digamos, cultural, que busca ir além do só pular e cantar em cima do trio, ela tem um repertório mais elaborado, é pra se ver e ouvir. Nada contra nenhuma das três, mas é fato que todas procuram se destacar na frente dos holofotes e querem ocupar o posto de rainhas. Acho até que Daniela Mercury andou fazendo algumas concessões para não perder a notoriedade, visto que não goza mais da mesma popularidade de antes, e seus trabalhos atuais não são tão bons e interessantes quanto os primeiros de sua carreira, era outra visão da Axé Music (velhos tempos), mesmo assim, ela consegue oferecer um repertório que vai muito além do “tira o pé do chão”.

Enfim, caros leitores, a Axé Music é um produto do carnaval, sempre foi, está cada vez mais descartável, passou a festa perdeu a graça, reinventa-se outra música para o próximo ano. Então, aproveite e tire o pé do chão.


Bom carnaval a todos. Divirtam-se!



Clipe "Nobre Vagabundo" do ótimo disco Feijão com Arroz, Daniela Mercury.