Grande gravadora, pra quê?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Foi-se o tempo em que as grandes gravadoras, as chamadas majors, dominavam o comércio musical, hoje com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e com a facilidade de acesso a elas, nenhum artista precisa sucumbir às regras mercadológicas de uma gravadora. A não ser aqueles que ainda tem bom retorno na venda de CDs e DVDs, ou que preferem deixar a cargo dos profissionais da gravadora todo o trabalho de divulgação, marketing, agenda, enfim, todas as etapas de produção e agenciamento.

Antigamente os músicos da cena alternativa tinham como objetivo fazer parte do elenco de uma grande gravadora, era importante para se ter acesso midiático, bons produtores, e consequentemente conquistarem público. Essa passagem foi muito importante para muito deles se consagrarem no mercado nacional. Hoje o caminho é inverso, muitos artistas foram dispensados de sua gravadora e retornaram ao cenário independente, mas claro que com uma bagagem muito maior, é o caso do Pato Fu (ex SONY/BMG), por exemplo, mesmo não tendo a mesma exposição de antes, continuam evoluindo musicalmente, e ganhando notas na mídia. Há artistas independentes que aproveitam as novas tecnologias, como a internet, por exemplo, através do MySpace, LastFM, Youtube, e demais sites de relacionamento para divulgar seus trabalhos e lançar seu material físico por meio de selos e distribuidoras alternativas, a Tratore é uma delas, ou disponibilizando suas músicas para download em sites como da gravadora Trama.

As gravadoras independentes têm uma função satélite ou complementar no mercado fonográfico, cumprem o papel de descobrir e desenvolver novos talentos que podem ser assumidos posteriormente com menos risco pelas majors. Além disso, a produção independente acompanha com mais agilidade as constantes mudanças do mercado fonográfico. Enfim, as grandes gravadoras não podem mais ser vistas como a única via de acesso ao mercado musical. É possível garimpar um monte de artistas independentes bacanas na internet, não é uma tarefa fácil, devido a grande quantidade de informação, mas procurando a gente acha. Lucas Santtana, por exemplo, é um super músico e tem trabalhos interessantes. Tem também, Karina Buhr, Tulipa Ruiz (que descobri recentemente), tem Ludov, Trash Pour 4, entre outros.

Dê um play no video abaixo:

Bicicletas, bolos e outras alegrias - Vanessa da Mata

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Primeira postagem do ano, já estava com saudades desse cantinho. Vou iniciar falando do novo disco de Vanessa da Mata - Bicicletas, bolos e outras alegrias, que foi lançado em novembro do ano passado. Esse novo trabalho apresenta uma cantora muito mais intimista, delicada e as canções carregam uma variedade sonora bacana sem perder a unidade. O quarto álbum da carreira de Vanessa foi lançado por seu próprio selo, Jabuticaba, em parceria com a Sony Music e patrocinada pela Natura. O disco foi produzido por Kassin, que já trabalhou com Los Hermanos e Caetano Veloso, tendo só canções inéditas, incluindo participação de Gilberto Gil na faixa Quando amanhecer.

Sem dúvida esse novo álbum vem inspirado, esbanjando delicadeza e romantismo, há também crítica bem humorada em algumas canções como em Fiu fiu, que faz uma abordagem sobre a luta das mulheres contra a balança, para agradar amigas e inimigas, e em Bolsa de grife, uma crítica a sociedade exageradamente consumista dos tempos atuais, emoldurada sobre um arranjo que lembra bem Os Mutantes. O lado pop se vê logo na abertura do disco em O tal casal, hit radiofônico, um chicletinho agradável, mostrando que Vanessa sabe fazer música de apelo massivo de alto nível e bom gosto. A cantora exala romantismo em Te amo soando quase cafona brincando com os clichês da paixão, as faixas Meu aniversário e Bicicletas, bolos e outras alegrias (que dá nome ao disco) é uma farra só, uma celebração as coisas simples e belas da vida. Destaque também para a belíssima, As palavras, a melhor do disco.

Enfim, Bicicletas, bolos e outras alegrias confirma o talento de Vanessa da Mata com seu ecletismo, sem fazer mal a crítica e ao público. A variedade de ritmos, arranjos simples outros sofisticados, juntamente com sua talentosa banda conseguem traduzir bem as melodias e o sentimento contido nas canções. Romantismo (O Tal Casal, Te Amo), critica o consumismo e as aparências (Bolsa de Grife, Fiu fiu) e a celebração a alegria (Meu aniversário), ditam a personalidade do disco e mostra uma cantora bem resolvida com seu estilo. Um bom lançamento do ano que passou.

Aperte o play e ouça "fiu fiu":