Um ano de blog e muitos agradecimentos

terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Hoje o Todos os Ouvidos não irá falar sobre nenhuma música, nem um gênero musical ou artista, hoje a postagem é especial, é de agradecimento a todos aqueles que acompanham o blog, principalmente os que participam com suas opiniões desde sua criação. Muito foi feito nesse tempo, os assuntos se ampliaram, o visual mudou, mas a intenção continua a mesma, discutir música seja qual for o gênero, país de origem, ou o gosto musical do leitor, o importante aqui é ser um espaço para discussão. O blog Todos os Ouvidos completou um ano de existência no mês de novembro, foram muitas postagens sobre o universo musical e muitos foram os comentários bacanas. E alguns deles me impulsionaram a continuar escrevendo, pesquisar coisas legais que pudessem ser interessantes para o leitor.

O começo foi tímido, sem muita divulgação, mas foi evoluindo graças ao retorno de vocês. Agradeço aos 130 seguidores que se identificam e curtem o blog, aos curiosos que leram algum texto que lhes chamou atenção ou apenas visitaram, e especialmente aqueles que me surpreende a cada comentário com opiniões e sugestões valiosas, a exemplo de Grabriel Pozzi (songsweetsong.blogspot.com); Sandro (estacaoprimeiradosamba.blogspot.com); Nicelle Almeida (nicellealmeida.blogspot.com); Mikael Moraes (mikaelmoraes.blogspot.com); Felipe Matula (feriasdopresidente.blogspot.com); Tatiana (coracaoonline.blogspot.com); Daniel (esteticamusical.blogspot.com), suas páginas já se tornaram leitura obrigatória.

Enfim, mais uma vez muito obrigado a todos, e como tudo aqui termina em música, aproveito o clima natalino e deixo o vídeo feito pelo Pato Fu especialmente para o Fantástico. É bem legal, divirtam-se! E para quem deseja ler o primeiro post do blog, é só clicar aqui!



Feliz natal a todos!

A brincadeira que deu certo, Pato Fu - Música de Brinquedo ao vivo

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Finalmente a banda Pato Fu voltou a Salvador, e dessa vez trazendo a turnê Música de Brinquedo do seu mais recente álbum, no qual, as canções foram todas gravadas com instrumentos de brinquedo ou miniaturas. O show aconteceu na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, no último dia 27, e levaram fãs, admiradores e baixinhos a uma experiência divertida e surpreendente.

Em postagens anteriores já havia falado do disco, da recepção pelos fãs, e agora vou falar sobre o show. Estava super ansioso e curioso para conferir de perto o resultado desse trabalho no palco, se já é difícil gravar um disco todo com instrumentos de brinquedo, imagine então levá-lo para os palcos sem nenhum playback ou qualquer artifício que possa maquiar as imperfeições sonoras. A primeira coisa que você pensa ao ver o palco lotado de brinquedos e mini instrumentos é: “esse negócio não vai dar certo”, capaz de ficar tenso em alguns momentos, imaginando se algum “instrumento” irá quebrar ou acabar a pilha, mas o trabalho é muito bem orquestrado e acaba saindo tudo nos conformes, além de ser muito prazeroso de se ver e ouvir.

A presença dos bonecos do Giramundo trás mais encantamento ao espetáculo e seduz o público logo de cara. Os bonequinhos interagem o tempo todo fazendo a participação que no disco são das crianças, tornando a atmosfera do show ainda mais lúdica. Primavera, sucesso conhecido na voz de Tim Maia, abre a apresentação soando bem parecida com a versão do disco. Em Frevo mulher, um lápis “elétrico” e zoadento faz o papel da sanfona, enquanto um dos bonecos toca zabumba e o outro usa uma cabeleira azul ao invés de vermelha, contrariando o que diz a letra da canção de Zé Ramalho. Outro bom momento é quando os bonecos surgem com os cabelos encaracolados representando as "cucas maravilhosas", pregando a mensagem humanista em Todos estão surdos, sucesso de Erasmo e Roberto Carlos, já em Live and let die, Fernanda Takai leva o público ao delírio estourando foguetes de papeis picados. Mas, as brincadeiras não param por aí, Xande Tamieti (baterista) não se contentando com sua mini bateria, usa um pogobol, aquele brinquedo de pula-pula que já fez muita criança se espatifar no chão, e um João-bobo, que faz parte do cenário, como instrumentos de percussão em Perdendo dentes e Sobre o tempo, hits antigos do Pato Fu, mostrando que eles também sabem brincar com o próprio repertório.

O momento mais intimista do show veio no bis, quando Fernanda cantou Love me tender executando tibres de uma caixinha de música. Logo em seguida o público vibrou com Made in japan, empolgando os fãs mais antigos da banda. No encerramento e em tom bem descontraído tocaram um trecho de Bohemian Rhapsody, do Queen, uma cena apoteótica. Vale destacar as figuras que estavam na platéia, além dos fãs e apreciadores, várias crianças com os pais, tinha uma que parecia ter uns quatro anos e estava vestida de boneca Emilia, coisa mais fofa. Enfim, esse é sem dúvida um show muito divertido, e o Pato Fu provou que essa brincadeira musical deu super certo nos palcos, para a felicidade de adultos e crianças.

Veja abaixo o video* de Live and let die


*crédito: Eron Leal

As redes sociais e a música digital

domingo, 21 de novembro de 2010
A operadora de telefonia Oi irá premiar os artistas musicais mais engajados do mundo virtual, é o Prêmio Música Digital. A premiação tem como intuito estimular e valorizar esse novo segmento de difusão e consumo de música, assim como tentar conscientizar o público e fãs a consumirem música de forma legal, já que a pirataria virtual não remunera artistas, compositores e produtores. A popularização da internet e a crescente utilização dos recursos digitais viabilizaram novas práticas de produção, difusão e consumo de música. A cada dia que passa os LPs, K7s e CDs, que outrora reinavam em nossas estantes, estão dando lugar aos novos formatos digitais. Apesar da pirataria digital, o mercado de venda de música na internet, ou através dos dispositivos móveis, tem crescido bastante e mostra um grande potencial, indicando uma nova tendência.

Músicos e fãs utilizam a internet, através de blogs, podcasting, sites, rádios online e comunidades virtuais para estabelecerem uma comunicação direta com seu público e divulgar materiais musicais. Os fãs e aficionados por música não precisam mais se reunir em espaços físicos. A internet viabilizou o encontro desses grupos em espaços virtuais, por meio de listas de discussão, chats e rede de compartilhamento de arquivos sonoros. Podemos encontrar facilmente blogs com listas de diversos artistas e sua discografia completa. A internet tem a vantagem de possibilitar o acesso a trabalho de diversos artistas ao redor do mundo, que seria provavelmente impossível encontrar nas prateleiras de discos, pela própria limitação física ou falta de apelo midiático. Podemos também passar de meros consumidores, receptores da mensagem, para fazer o papel de “críticos”, já que os blogs e afins estão aí para isso.

Essa postagem está longe de discutir a questão da pirataria, que é algo muito mais complexo, ou mesmo o impacto da internet na indústria fonográfica, que é um fato, o objetivo é falar um pouco sobre como a internet está sendo usada por fãs e artistas como canal de comunicação e construção de sua carreira. Lógico que surgem um monte de porcarias, com a internet todo mundo quer ser artista, mas é possível garimpar muita coisa boa e de qualidade, como é o caso do trabalho de Lucas Santtana que usa seu site para divulgar seu trabalho e disponibilizar suas músicas de graça, com total interatividade entre o artista e seu público. A Divulgação em primeira mão de um clipe no Youtube, a publicação de música para download gratuito em sites de gravadoras independentes ou no MySpace, por exemplo, podem ser o ponto de partida para o sucesso, como foi o caso de Lily Alen, Mallu Magalhães, e a banda Cansei de Ser Sexy, que participou de vários festivais internacionais e abriu diversos shows de Gwen Stefani. Enfim, o Orkut, Twitter, MySpace, e outras redes sociais, tem importância fundamental na conjuntura atual na indústria da música, basta fazer bom uso dos recursos disponíveis. Ou o artista se insere nessa nova realidade ou ficará para trás.


Ela é Louca, mas eu gosto! - Shakira

terça-feira, 9 de novembro de 2010
Muitos são os preconceitos entorno da música pop, principalmente aquela de apelo massivo e comercial, mas ela pode ser agradável e ir além dos apelos coreográficos e sensuais. O pop pode ser bom, apesar de descartável. Gosto sim da música pop, não de todas, nem de todos os artistas, mas aqueles que conseguem ultrapassar a barreira do estrelismo, muitas vezes passageiro, e preservar suas raízes.
Essa pequena introdução é para falar de uma artista que gosto e acho interessante, a cantora colombiana Shakira, além de toda sensualidade, ela tem carisma, uma voz encorpada(ótima!) e carrega o sangue latino nas veias.

Shakira acaba de lançar seu novo disco, Sale el Sol ("The Sun Rises" na versão em inglês). O álbum traz a cantora muito mais eclética, carregado de ritmos latinos e uma pegada muito mais envolvente. Algumas canções trazem o som do acordeom e gaitas de fole, a cantora gravou junto com o aclamado acordeonista Egidio Cuadrado e também com Mayte Montero que é conhecida como a maior gaitista Colombiana. Ao contrário de She Wolf, nesse novo CD vamos ouvir músicas pop latinas mais voltadas às raízes de Shakira, que remonta ao início de sua carreira. Uma mistura de sons árabes com a gaita de fole, acordeom e outros instrumentos tradicionais da região do Caribe, tudo muito bem dosado, sem exageros. Destaque para as canções “Sale El sol”(que abre o disco), "Antes de lãs seis”, “Mariposas” e as dançantes “Loca” e “Rabiosa”, além da música tema da Copa do Mundo, “Waka Waka”.

Tudo indica que a turnê irá passar pelo Brasil, e dizem os mais afoitos que Ivete Sangalo irá abrir os shows, vamos aguardar e conferir. Enquanto esse momento não chega aumente o volume e veja o clipe de “Loca”, em que a cantora faz algumas loucurinhas. E quem nunca mexeu o esqueleto ouvindo uma música pop, que atire a primeira pedra!

A música latina de Julieta Venegas

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ela já cantou com Lenine, Marisa Monte, Otto e Érika Martins*, estou falando da talentosíssima Julieta Venegas, que nasceu em território americano, mas passou toda sua infância em Tijuana (México), onde começou seus estudos musicais. Sua primeira turnê foi com o grupo Chantaje que combinava ska e reggae. Com 22 anos foi para a Cidade do México, onde combinou a composição para o teatro com música ao vivo, primeiro com a banda chamada Lula, posteriormente com La Milagrosa. Depois de fazer parte de dezenas de projetos, em 1996 ela assinou contrato com a BMG e no ano seguinte lançou o seu primeiro álbum solo, Aquí. O tempo que trabalhou o disco foi importante para a entrada no mercado europeu, na América Latina que fala espanhol e nos Estados Unidos.

É complicado falar de música latina no Brasil, visto que poucas pessoas conhecem os artistas latino-americanos, mesmo porque nossas mídias dão pouco destaque, exceto aqueles que já alcançaram sucesso global e conseguiram colocar seu nome no nosso mercado e suas músicas nas rádios a exemplo de Shakira, e do Julio Iglesias há um tempo, ou quando vira algum fenômeno da TV como foi o caso da banda RBD. O fato é que a música de língua espanhola tem pouco destaque aqui no Brasil, talvez a principal explicação possa estar na barreira linguística, poucos são aqueles que conseguem ultrapassar esse detalhe, Julieta com sua elegante irreverência é uma delas.

Conheci o trabalho de Julieta Venegas há pouco tempo, exatamente através de participações com artistas brasileiros. Ela é uma cantora versátil, toca vários instrumentos incluindo acordeom que tem presença marcante em algumas de suas canções, já foi vencedora do Grammy e dois Grammy Latino e ao longo de sua carreira, e já vendeu mais de 6,5 milhões de cópias no mundo inteiro.

Discografia:
1997 – Aquí (RCA International)
2000 – Bueninvento (BMG)
2003 – Sí (BMG) (CD+VCD) (CD+DVD)
2006 – Limón y Sal (Sony BMG) (CD+DVD)
2008 – MTV Unplugged Julieta Venegas (Sony BMG) (CD+DVD)
2010 - Otra Cosa (Sony International)

Dê um clique e ouça Me Voy



*clique, veja e ouça as participações especiais

Quando o canto é reza - Roberta Sá

terça-feira, 5 de outubro de 2010

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”, já dizia a canção. Mesmo quem não aprecia o gênero a de concordar que não existe nada que represente tanto a brasilidade como o samba. Pois bem, uma das cantoras mais talentosas da nova música popular brasileira, a potiguar Roberta Sá, lançou no segundo semestre deste ano, o disco Quando o canto é reza, em parceria com o Trio Madeira Brasil. O trabalho trás treze canções de autoria do sambista baiano Roque Ferreira, que já foi gravado por grandes ícones da música nacional, como Clara Nunes, Maria Bethania, Alcione, Zeca Pagodinho, entre outros.

Depois dos excelentes discos “Braseiro” (2005) e “Que belo estranho dia para se ter alegria” (2007), o mais recente "Quando o canto é reza" não fugiu a regra dos anteriores em se tratando de qualidade, mas esse é especial por se tratar de uma homenagem a um grande sambista e por fincar de vez os pés de Roberta no samba. O disco mostra uma cantora ainda mais madura, firme, com uma voz impecável, límpida e deliciosa. Quando o canto é reza faz um passeio por ritmos musicais genuinamente brasileiros, como o samba carioca, o afoxé e o samba de roda. Vale destacar a nova versão de "Água da minha sede", conhecida na voz de Zeca Pagodinho, e a animadíssima "Cocada". Para quem já aprecia o gênero vale a pena buscar pelo álbum, para os que têm um pé atrás com o samba podem ouvir sem frescuras porque certamente serão encantados por esse trabalho. Depois não reclamem que está faltando coisa boa na música brasileira.

Canções:

1. Mandingo
2. Chita Fina
3. Zambiapungo
4. Cocada
5. Água da Minha Sede
6. Orixá de Frente
7. Água Doce
8. Menino
9. Tô Fora (com Moyses Marques)
10. Xirê
11. Marejada
12. A Mão do Amor
13. Festejo

Dê um clique abaixo e ouça Cocada

Coloridos, mas sem graça nenhuma

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O momento é mesmo das bandas teens, formada por jovens metidos a músicos, adorados por fãs adolescentes que acham suas músicas as melhores do mundo. O destaque da vez é a banda Restart, essa mesma de visual coloridinho, que vem aparecendo e ganhando prêmios em tudo quanto é lugar, espalhando amor e ódio por aí. De novidade nessa safra de bandas só mesmo o aparência exageradamente colorida da banda Restart é que chama atenção. As músicas não trazem nada de interessante, são sempre os mesmos dilemas, as letras são melosas, seguidas de vocal também meloso e arrastado, outras trazem uma pseudo-rebeldia adolescente, deixando de lado o aparente ar “descolado".

A Banda Restart foi a grande vencedora do VMB 2010, o prêmio celebrado pela MTV, ganhando cinco das categorias disputadas, incluindo o de artista do ano, para aplausos de uns, vaias de outros. O resultado era previsível, já que a audiência da MTV é jovem, e provavelmente deve estar infestada de seguidores da banda. É tenso, mas a verdade é que tal consagração reflete aquilo que os adolescentes dessa nova geração vêm apreciando como música. Mesmo que essa premiação não tenha a mesma importância de antes, quando eram premiados artistas de verdade e ainda conseguia nos deixar ansiosos na torcida por nossos favoritos, o fato é que o cenário atual da música voltada para o público jovem e feita por eles é banal e sem graça.

Portanto, queridos leitores, as paradas de sucesso não estão dominadas apenas pelo mocinho cantor-dançarino Justin Bieber, mas tem uma galera aqui no Brasil fazendo um som aborrecente, seguem essa linha as bandas Cine, Hori, e sei lá quantas mais. Posso estar provocando a ira da turma teen na faixa dos quinze anos, que os acham lindos, fofos, mas a verdade é que virou uma febre que precisa de antídoto. O que, talvez, nos deixe mais tranquilos é que essa fase vai passar, e depois da febre, a galerinha irá perceber o quanto era chato, cafona e fútil curtir esse som. E viva as vaias que podem vir para o bem ou para o mal, nesse caso para o bem dos que não aguentam mais tanto colorido sem graça.

O reencontro de Los Hermanos

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A banda Los Hermanos que tinha decretado seu fim, ou melhor, uma pausa por tempo indeterminado para que seus integrantes pudessem se dedicar a trabalhos paralelos, voltam aos palcos em outubro para shows em três capitais brasileiras. As contempladas são Recife, Fortaleza e Salvador que terá um show extra devido a grande procura por ingressos que se esgotaram em menos de duas horas.

Segundo Marcelo Camelo, essa iniciativa nasceu da vontade de reunir os amigos de banda e matar as saudades de tocarem juntos. Na verdade, esse lance de dar "um tempo" é uma estratégia para dedicar-se a trabalhos pessoais e deixar de molho e sem muitas expectativas fãs ávidos por trabalhos inéditos, não será surpresa nenhuma se em algum momento eles lançarem um disco novo, esse show de reencontro parece caminhar para isso.

Não sou fã dos Los Hermanos, mas gosto da banda e tenho vontade de conhecer o show, até dediquei algumas horas do meu tempo enfrentando uma fila gigante na tentativa de comprar um ingresso para o show extra. Teve gente que madrugou na porta do Teatro Castro Alves para garantir o seu, alguns com violão em punho cantarolando suas principais canções, sem se preocuparem com o sol quente em suas cabeças. Os ingressos postos a venda por 30 reais, chegam a custar 150 reais nas mãos de alguns cambistas, fãs afoitos pagam por essa quantia.

Dias 17 e 18 de outubro, Salvador espera pelos barbudos dos Los Hermanos, reunindo na Concha Acústica, lugar que, segundo eles, fizeram os shows mais inesquecíveis de sua carreira, os fãs mais chatos da música brasileira.

O universo gótico por Siouxsie and the Banshees

sexta-feira, 3 de setembro de 2010
O clima mórbido, sombrio, cheio de mistério, e letras carregadas de angústia e pessimismo são características do pós-punk e do rock gótico. O estilo nunca havia despertado meu interesse, achava chato e monótono. Mas depois que conheci o som do Siouxsie & the Banshees, considerada uma das bandas mais importantes e influentes do gênero, alguns preconceitos se desfizeram sendo o ponto de partida para conhecer o universo gótico, e nada melhor que entrar num mundo desconhecido através de uma banda que é referência. A primeira música que ouvi é também a mais famosa do Siouxsie & the Banshees, Cities in dust.

O Siouxsie & the Banshees teve início em 1976 e terminou oficialmente em 1996. A banda surgiu graças a Steven Havoc (baixo) e Susan Ballion (vocal), integrantes de um grupo de fãs ingleses do Sex Pistols que se chamava Broomley Contigent. Os outros membros também faziam parte da "rodinha" de punks ou simpatizante do estilo, Marco Pirroni (guitarra) e Jonh Simon Ritchie (bateria). O nome estranho é uma referência ao filme "Cry of the Banshee", baseado num conto de Edgard Alan Poe, quando eles tiveram a idéia de se chamar "The Banshees". Cogitaram depois "Susi and the Banshees", mas Susan Ballion resolveu adotar seu famoso pseudônimo, Siouxsie Sioux, e, definitivamente, a banda ganhou o nome de Siouxsie and the Banshees. Ao longo da carreira o grupo teve vários integrantes, incluindo o vocalista do The Cure, Roberth Smith, que já era velho conhecido, pois o The Cure abriu algumas apresentações do Siouxsie and the Banshees em 1970.

A banda acabou, mas deixou sua marca na história do rock alternativo. Siouxsie é uma das principais criadoras do visual bastante adotado por góticas daquela época e de muitas garotas punks de hoje em dia. Ela tem uma presença e voz marcantes, acabou lançando um disco solo, Mantaray (2007), para a alegria dos fãs, além de ter sido bem recebido pela crítica. Dê um clique no vídeo abaixo e curta Cities in dust. O clipe é meio tosco, mas a intenção é mesmo essa, quanto mais anárquico melhor!

Música de Brinquedo - Pato Fu

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quem do pop/rock nacional se arriscaria a fazer e lançar um disco todo feito com instrumentos de brinquedo? Quem? Quem? Só a banda mais criativa dos últimos anos do pop nacional teria tal audácia, o Pato Fu. Lançado no começo de agosto, Música de brinquedo, seu décimo álbum, traz 12 canções bem conhecidas do público, nas quais os arranjos originais são tirados nota por nota por instrumentos de brinquedos ou mini instrumentos. A ideia de fazer um trabalho com essas características surgiu a muito tempo, desde que John (guitarrista e produtor) teve contato com o disco “Snoopy’s classics on toys: Beatles”, com canções do quarteto de Liverpool tocadas com instrumentos de brinquedo.

Música de Brinquedo trás ainda a participação de Nina, filha dos músicos Fernanda Takai e John Ulhoa, e de outras crianças. Apesar do apelo ao universo infantil, o repertório não pode ser considerado infantil, ou, pelo menos, não é infantilizado. A seleção é quase a trilha sonora dos pais e mães que passaram sua infância e adolescência entre os anos 1970 e 1980, são algumas delas: Ovelha Negra (Rita Lee), Todos Estão Surdos (Roberto e Erasmo), Ska (Herbert Vianna), Love Me Tender (Elvis Presley), Primavera (Vai Chuva) (Cassiano /Sílvio Rochael), Sonífera Ilha (Branco Mello /Marcelo Fromer /Tony Bellotto /Ciro Pessoa /Carlos Barmack) e My Girl (Smokey Robinson /Ronald White). A escolha por um repertório já conhecido se justifica pelo fato de provocar um impacto maior do que se todas as músicas fossem inéditas . O interessante nesse projeto é reconhecer os arranjos rigorosamente iguais aos originais tocados com instrumentos de brinquedo, que vão desde flauta, xilofone, kalimba, escaleta até piano de brinquedo e um tecladinho-calculadora Casio VL1. O Drawdio, uma espécie de lápis-theremin, é usado para substituir a sanfona em “Frevo mulher” (uma das minhas favoritas) e o resultado é impressionante.O mais legal é que não há interferência de recursos de computação para aparar as imperfeições trazidas pelo sons dos brinquedinhos, a intenção era mesmo essa. É muito difícil atualmente no mercado fonográfico nacional, principalmente no independente, uma banda de quase 20 anos de estrada continuar criativa, produzindo e ainda ter espaço cativo na mídia sem perder qualidade, isso é para poucos.

Enfim, o disco tem sido bem recebido pela critica, mas dividiu opiniões entre os fãs. Enquanto a maioria gostou da ideia e entendeu a proposta, alguns fãs, mais radicais, criticaram por ser um disco só de covers (fiz uma postagem anterior a respeito). Trata-se de fãs mal acostumados e mal humorados. O resultado do “Música de brinquedo” é delicioso e divertido tanto para os grandinhos quanto para os baixinhos, que podem ser iniciados na BOA música desde já. E para quem se perguntou se essa experiência será transportada para os palcos, pode apostar que sim, tanto é que já foram feitos dois shows de estreia no Rio de Janeiro e deu super certo. A turnê irá passar por várias cidades, terão ainda a participação especial de bonecos do grupo Giramundo no lugar das crianças e todos os músicos estarão munidos de seus instrumentos de brinquedo, só torcer para que a bateria de alguns não acabe.

Quem tiver curiosidade aperte o play e escute duas das músicas do CD.

Turnê pelo Brasil: The Black Eyed Peace e The Cranberries

segunda-feira, 9 de agosto de 2010
O ano de 2010 parece ser o ano dos grandes shows internacionais no Brasil. Só no primeiro semestre passaram por aqui The Cranberries, Metallica, Beyoncé, Coldplay, a-ha, Aerosmith, entre outros, fora as especulações de que Lady Gaga, Paul McCartney e U2 irão passar pelos palcos brasileiros. Essa oferta de shows é ótima, mas haja bolso para bancar a vontade de ir a todos eles.

Em outubro, duas grandes turnês (das quais eu irei) irão rodar por diversas cidades do Brasil, The Black Eyed Peace com “The E.N.D. World Tour 2010” passará por Fortaleza, Recife, Salvador (Oba!), Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis e São Paulo. O valor dos ingressos ainda não foi divulgado. O público irá se divertir ao som dos hits "Boom Boom Pow", "I Gotta Feeling" e "Imma Be", sucessos do último trabalho do grupo. Já The Cranberries (adoro!) que fez sua primeira apresentação no Brasil, em janeiro, voltará para fazer seis shows, e dessa vez não perco por nada nesse mundo. O grupo liderado por Dolores O'Riordan toca no Rio de Janeiro, no dia 12 (Citibank Hall), em São Paulo, no dia 14 (Credicard Hall), em Florianópolis, no dia 16 (Stage Music Park), em Brasília, no dia 19 (Ginásio Nilson Nelson), em Recife, no dia 22 (Chevrolet Hall), e em Fortaleza, no dia 23 (Siara Hall). Salvador como de costume ficou de fora, mas já garanti meu ingresso para Recife, agora é só aguardar e fazer as malas. E a lista de shows internacionais não para, portanto é bom ir preparando os bolsos.

Irreverência e genialidade com sotaque francês

terça-feira, 27 de julho de 2010
Prepare-se para uma nova experiência musical, se você é daqueles que curte sons inusitados e performances nada convencionais, vai gostar de Camille Dalmais, uma cantora francesa que descobri há algum tempo e já andei comentando por aqui. O que mais chama atenção, é que ela transforma seu próprio corpo e voz em instrumento de percussão, uma sonoridade estranha para o universo pop e certamente será para vocês. Mas é super bacana, já me acostumei e até virei fã de seu estilo.

Camille era integrante da banda francesa Nouvelle Vague, um grupo que tocava clássicos do punk rock e new wave em tom de bossa nova. Em 2002 lançou seu disco de estreia em carreira solo, “Le Sac de Filles”, nesse primeiro álbum, ela já dava os primeiros sinais de sua personalidade. Mas, somente no seu segundo trabalho "Le fil", de 2005, é que a cantora firmou seu estilo. O álbum foi consagrado pela crítica e bem recebido pelo público, conseguindo atingir a marca de 500 mil cópias vendidas. Nesse trabalho considerado genial, o disco tinha as quinze faixas conectadas por uma única nota, por isso o Le fil (o fio) e as músicas eram exploradas na base de uma voz, um baixista e, por vezes, um teclado. O cartão de visitas de “Le fil” é a canção “ Ta douleur”. Em 2008, Camille lançou seu terceiro álbum “Music hole”, gravado primordialmente em inglês, com a intenção clara de atingir outros públicos. Não sendo tão conceitual quanto o anterior, “Music hole” alcança grandes momentos, principalmente nas faixas “Gospel with no lord”, “Money note”, na qual faz graça com quem conquistou fama com seus agudos fortíssimos (Celine Dion, Whitney Houston, etc), "The monk" e "Katie's tea".

Enfim, Camille foi uma experiência estranha no começo, achei ela meio “maluca”, depois passado a estranheza, achei genial. Seu trabalho surpreende pela originalidade com que mescla ritmos, vocais, bases eletrônicas e suaves melodias francesas. J'adore Camille!

Clique nos links abaixo e veja o clipe das músicas:

Ta douleur

Money Note

Meu ouvido não é penico!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Todo mundo tem o direito de ouvir a música que quiser, seja ela boa ou ruim, porque gosto é igual a ouvido cada um tem o seu, desde que cada um curta seu som no seu espaço, sem ninguém precisar ser torturado. Digo isso porque não há nada pior que estar dentro de um ônibus quando algum passageiro “esperto” decide pegar o celular e colocar aquela música baixo astral em volume máximo, e o cara em questão ainda se acha o máximo por socializar o mau gosto. Ou quando você está tomando sua cerveja gelada num boteco, conversando com amigos e chega alguém em um carro, abre o porta malas, mostra toda potência do seu aparelho de som e coloca no replay aquela música de gosto duvidoso, isso quando não sai de dentro do automóvel moças e rapazes afim de exibir seus dotes coreográficos descendo até o chão.

Não sou preconceituoso quanto a gêneros musicais, apesar de minhas preferências ouço de tudo um pouco. Mas sou completamente intolerante quando se passa dos limites, quando a música é vulgar até o último acorde. Alguns gêneros estão infestados disso, em especial, o funk, forró e o pagode baiano. Vou citar apenas alguns casos do pagode baiano, já que sou da Bahia e estou mais exposto as pérolas desse ritmo. Algumas letras se referem à mulher de forma pejorativa e humilhante, algo assim... suuuuper natural. Em uma das canções do grupo Black Stile, por exemplo, chamada "Patinha", é narrada as peripécias de uma garota de nome Marcela, prima de Isabela, que pegou todos os rapazes da banda, culminando no refrão nada delicado "me dá, me dá a patinha, sua cachorrinha...”, é pavoroso, é revoltante, dá vontade de mandar um recado para o “compositor” dizendo: “você não tem mãe não é, p***?”. Essa é apenas uma das diversas canções do grupo, sendo todas do mesmo naipe, não vou nem elencar aqui por questão de constrangimento. Vale destacar que essa (des)qualidade não é exclusiva ao grupo musical em questão.

Vocês podem até argumentar que se eu estou falando sobre isso é porque eu escuto esse tipo de música, não, eu não consumo esse tipo de música, não vou ao Salvador Fest, nem ao Pagodão Elétrico,mas estou a mercê dos alto falantes dos carros, dos celulares de gaiatos, dos vizinhos sem noção. Então, caros leitores, o Rebolation pode ser ruim, pobre, mas é inofensivo perto disso aí. Além de não comprometer ninguém, apenas atormentar nossos ouvidos.

O Tropicalismo " É proibido proibir"

segunda-feira, 12 de julho de 2010
Alguns posts atrás falei da importância da canção Like a Rolling Stone para a evolução da música e transformação da cultura pop mundial, assim como a revolta dos ouvintes mais tradicionais. Pois bem, hoje falo do Tropicalismo, um movimento de ruptura que transformou o cenário musical e cultural brasileiro no final da década de 60. Como todo movimento que ousa transformar, o caminho foi turbulento, mas fundamental para a evolução da música nacional.

A Tropicália formava um grande coletivo, seus principais representantes eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto e Rogério Duprat, que contavam ainda com a participação dos Mutantes, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé. Os tropicalistas rompiam com os preconceitos musicais, as influências estrangeiras eram consumidas para serem recriadas, reelaboradas de acordo com nossas necessidades e interesses, num processo verdadeiramente criador. Na tentativa de universalizar a MPB o grupo buscava incorporar elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica, com procedimentos eruditos, elementos da cultura popular brasileira, misturando rock com samba, com bolero, com bossa nova, com baião. Com essa atitude, eram rompidas barreiras, pop x folclore, alta cultura x cultura de massas, tradição x vanguarda, estabelecendo um novo padrão sonoro e literário para a música brasileira, impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.

A definição da “qualidade musical” no País, pós Bossa Nova, estava cada vez mais dominada pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Então, como toda inovação, o tropicalismo despertou reações de aplausos, mas principalmente indignação. A esquerda radical repudiava o uso da guitarra elétrica, “o instrumento musical do imperialismo”. A apresentação de Gil e Caetano no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967, causou impacto no público, em especial nas alas de esquerda mais radical, exatamente pelo uso das guitarras elétricas e pela presença de um grupo de rock – Os Mutantes, era uma espécie de afronta a brasilidade. Um ano depois, no Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo, Caetano, acompanhado pelos Mutantes, defendeu a música É Proibido Proibir e a platéia respondia ferozmente com vaias. Os Mutantes mal tinham começado a tocar a introdução da música e a platéia já atirava objetos e davam as costas ao palco, a reação dos Mutantes foi imediata, sem parar de tocar, viraram as costas para o público, e Caetano fez um longo e inflamado discurso questionando os ideais dos jovens ditos “revolucionários” ali presentes. Eles foram incapazes de reconhecer na música seu caráter de protesto. Grande ironia, jovens tão engajados politicamente, mas intolerantes em relação à música, como lá em “Like a Rolling Stone”, do Bob Dylan.

A irreverência e ousadia do movimento tropicalista transformaram os critérios de gosto vigentes, não só na música e na política nacional, mas também na moral e no comportamento. O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano, pois foi reprimido pela ditadura, mas deixou para sempre sua marca na música e na cultura nacional, a marca da modernidade.

O discurso de Caetano é de arrepiar. Para quem tiver interesse ouça uma parte do desabafo junto as vaias.

As críticas antecipadas ao novo disco do Pato Fu "Música de Brinquedo"

segunda-feira, 28 de junho de 2010
Posso ser uma pessoa suspeita em se tratando do Pato Fu, mas não ingênua. O segredo que envolvia o novo projeto da banda e estava escondido a sete chaves foi revelado causando estranheza e muita polêmica na comunidade “Patofuniana”. O novo álbum da banda, o décimo da carreira, se chama Música de Brinquedo, que foi totalmente gravado com instrumentos infantis. Acredite, todos os acordes e ruídos foram tirados de brinquedos. A proposta não é ser um disco infantil, mas uma recriação de clássicos do pop nacional e internacional, ou seja, músicas adultas em seus arranjos originais, só que tirados a partir desses pequenos artefatos. Ideia, no mínimo, inusitada, para não dizer maluca.

Será um risco? Um fiasco? Um risco sim, um fiasco talvez, mas pode ser um sucesso e dos grandes (aposto nisso). Para tomarmos as devidas conclusões só ouvindo, analisado e aguardando para saber. E é exatamente aí que gira a discussão dessa postagem. Várias pessoas que acompanham o trabalho da banda têm postado, comentários, ou melhor, fazendo pré-críticas a um disco que nem foi lançado, nem aconteceu. Alguns dizem que vai ser péssimo, que o Pato Fu colocou em risco sua carreira, que o disco é um fracasso. Foram muitos os jugamentos antecipados a favor e contra na comunidade da banda no Orkut, fato que me estimulou a escrever esse post.

Criticar é legítimo, porém sejamos justos, como falar mal de algo que não se ouviu? Acho legal quando uma banda ou músico arrisca ou aposta em algo que não é óbvio, que foge do habitual. Toda vez que um artista está para lançar um novo disco os corações dos fãs se enchem de expectativas, o que é completamente normal, mas é comum também não agradar a todos. Aí surgem as críticas e frustrações. No caso do Pato Fu, seus seguidores estão cientes que tudo pode acontecer, alguns gostam do lado pop, outros preferem o lado experimental, calmo, mais pesado. No entanto, todo artista tem o direito de se permitir, fazer o que tem vontade de fazer, ainda mais quando não se tem que provar nada a ninguém e está livre das pressões do mercado. Cabe ao público entender a fase da banda. Se querem fazer um disco com músicas adultas, mas com moldura infantil qual o problema? O importante é fazer bem feito, antes que alguém o faça.

Um video mostrando os bastidores da gravação, um pouco do que está por vir:

É tempo de Forró!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Junho chegou, é tempo de Forró. Esse ritmo ganha destaque total nesse período do ano, assim como no carnaval tem sempre uma música que aponta como hit, aquela que durante algum tempo vai atormentar nossos ouvidos. Pois bem, no ano passado a música foi Chora, me liga de João Bosco e Vinicius, agora tem uma tal de Saia e bicicletinha do grupo Aviões do Forró, que não para de tocar nas rádios, carros e em festinhas, forte candidata a título de “Música do São João”.

O mais surpreendente é como o Forró foi se transformando e disseminando subgêneros, do autêntico Pé de Serra, tradicionalmente tocado com sanfona, zabumba e triângulo, hoje temos o forró Universitário, Sertanejo e Elétrico, com introdução de instrumentos eletrônicos, como a bateria, guitarra e baixo. Na verdade esses subgêneros, na minha opinião, só acrescentaram novas sonoridades, as letras das músicas que antes falavam do povo nordestino com todos os seus problemas, das belezas naturais e do amor ingênuo, deram lugar ao amor banal, traição e futilidades contemporâneas, numa tentativa de atrair os jovens para o consumo desse tipo de música. Para se ter uma ideia dessa transformação, basta ouvir Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Dorgival Dantas, para não citar outros grandes nomes, e compará-los ao tipo de forró feito hoje por bandas como Calcinha Preta, Cavaleiros do Forró, etc, etc. Vocês entenderão do que estou falando.

Não quero fazer aqui uma análise preconceituosa, mesmo porque acho que toda transformação é necessária para a própria evolução da música, só não podemos deixar que o Forró seja apenas essa coisa fútil e descartável que vemos hoje. Muitas festas de São João, por exemplo, tem se transformado em mega eventos que mais parecem um carnaval, e todos muito caros, pelo menos ainda restam algumas cidades do interior onde tem festa na praça de graça com vários sanfoneiros e bandas de forró dividindo o mesmo palco... Enfim, tomar licor e dançar aquele xote coladinho é bom demais.

"We're all Africa" Waka Waka

quarta-feira, 9 de junho de 2010
Faltam poucos dias para o início da Copa do Mundo, e as pessoas já começaram a tirar a camisa da seleção do armário, a enfeitar as ruas, a dar palpites sobre os jogos. É nesse clima que o blog Todos os Ouvidos vem analisar uma das músicas oficiais da Copa da África. Claro que ela tinha que ser hit, grudenta e empolgante. Waka Waka, cantada pela cantora colombiana Shakira, tem ritmo contagiante, letra bacana, clima quente, colorido e envolvente, assim como a África. O mais interessante é que essa Copa não representa só um país, a África do Sul, mas um continente inteiro, um povo que apesar de sofrido é acolhedor, talvez essa seja uma das Copas mais interessantes de todos os tempos.

Mas, voltamos para a música Waka Waka, para quem viu a tradução a canção fala de uma batalha, do espírito de guerra, do soldado que cai e se levanta (aí representado pelos jogadores), daquele que não deve desistir nunca, é uma batalha do bem, típica do esporte, em busca, claro, da consagração máxima. E tais metáforas lembram bem a história da África, um povo que ainda hoje é guerreiro, não desiste nunca e é feliz. Segue um trechinho da letra: You're a good soldier/ Choosing your battles/ Pick yourself up/ And dust yourself off/ Get back in the saddle/ You're on the front line/ Everyone's watching/ You know it's serious/ We're getting closer/ This isn't over... Além disso, acho interessante a escolha de Shakira para cantar esse tema, por ser latina acredito que a canção transmite ainda mais um caráter de diversidade. A música é acolhedora, tanto pelo ritmo quanto pela dança. Mesmo que você esteja ali torcendo para que seu país esteja no topo, o espírito esportivo deve prevalecer. Em Junho todos os olhos e ouvidos estarão voltados para a África. This time for Africa.

Segue o video para quem ainda não viu:



Quando um show arrepia até a alma

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Milhares de pessoas reunidas em um estádio, nervos em fúria, expectativas em alta, todos os olhos e ouvidos atentos para a apresentação da banda Aerosmith. Noite de 29 de maio de 2010, em meio a incertezas sobre o futuro da banda, devido às últimas notícias sobre uma provável substituição do vocalista Steven Tyler recém saído da reabilitação, poderia por em risco a apresentação do grupo e tornar o show um fiasco, ledo engano. A apresentação no Parque Antártica foi um sucesso, um verdadeiro show de performance por parte de Tyler e sua trupe. Depois de tantos anos e usos de drogas, é impressionante como Steven Tyler continua com o mesmo fôlego e mesma potencia vocal, me rendi ao som, pois até então tinha me deslocado de Salvador para São Paulo com minha amiga (fã dos caras) só por influência dela e da diversão.

Mas essa foi uma aventura surreal, era como estar em outro plano, com a galera cantando junto, participando, respondendo aos apelos de Tyler. O show foi impecável, com direito a clássicos das diversas fases da banda. Eat The Rich colada com Back In Saddle deram abertura ao espetáculo, outras músicas mais badaladas também estiveram presentes como Dream On, Livin' On The Edge, Crazy e Cryin', levando a galera ao delírio. Enfim, esse show provou que Tyler é insubstituível e continua com um fôlego de garoto. Foi de arrepiar até a alma. Outro destaque foi a presença de alguns pais na platéia acompanhando seus filhos, achei muito bacana isso, gerações distintas curtindo o mesmo som. O que é bom permanece.

* Foto: portal R7

“Like a Rolling Stone”, quando uma música muda a história da música

quarta-feira, 19 de maio de 2010
Poucas canções são capazes de marcar época e dar novos rumos à música. Nesse sentido, Like a Rolling Stone, do Bob Dylan, foi um divisor de águas, estabelecendo um novo padrão sonoro e literário para a música pop mundial. E como tudo que ousa quebrar padrões, a trajetória de Like a Rolling Stone foi tumultuada e polêmica, não por acaso ela foi considerada por críticos especialistas como a música mais importante e influente do século XX.

É impossível falar sobre o rock sem falar da importância de Bob Dylan na evolução desse gênero. O rock’n’roll surgia ao som de Elvis Presley e assim começava-se a definir o padrão comportamental da juventude, logo em seguida viriam os Beatles que mostrariam uma nova maneira de fazer música pop, consequentemente levando outras bandas inglesas, a exemplo dos Rolling Stones, a buscar o sucesso. Mas somente em 20 de julho de 1965 quando Bob Dylan lançou Like a Roling Stone é que o rock experimentou uma transformação verdadeira, o gênero deixou de tratar de assuntos comuns, narrados de maneira breve, para dar lugar ao intimismo e a uma narrativa mais pesada, cheia de metáforas. Assim, Like a Rolling Stone passou a ser símbolo da contracultura e Dylan a influenciar vários artistas, como Jimi Hendrix e Frank Zappa.

Like a Roling Stone não só revolucionou a narrativa musical como também a forma de divulgar uma canção no rádio. As músicas até então só podiam ter no máximo três minutos de duração devido à própria capacidade do suporte, mas a canção tinha o dobro de duração. A gravadora sugeriu a Dylan que a editasse, método que foi prontamente recusado por ele sendo então dividida em duas partes. Apesar disso, o público exigia que a música fosse tocada na integra nas rádios. Os versos de Like a Rolling Stone contam a história de uma senhora de classe alta que de repente se vê pobre e falida, passando a sentir na pele a sensação de indiferença e de hostilidade da sociedade, culminando no refrão ácido “How does it feel / to be on your own / like a complete unknown / just like a rolling stone''.

Like a Rolling Stone foi o grande destaque do Lp Highway 61 Revisited, álbum que levou os fãs do Folk a acusar Dylan de traidor e a vaiá-lo em suas apresentação. Um público tão acostumado à sonoridade acústica que não admitia a introdução da guitarra elétrica em suas canções. Tão visionários e progressistas politicamente, porém intransigentes em relação à música. Esse episódio me fez lembrar dos Tropicalistas que foram acusados de alienados, traidores e americanizados, só porque subverteram a ordem tradicional de fazer música brasileira, inaugurando, assim, uma nova estética para a canção nacional. Mas, enfim, isso é assunto para outro post.

E para quem se interessou pelo tema, sugiro o livro “Like a Rolling Stone – Bob Dylan na Encruzilhada”. recém lançado pelo crítico musical Greil Marcus, no qual ele destrincha a canção e seu processo de feitura , assim como o contexto político e cultural da época.

Mexa comigo, mas não mexa com meu ídolo!

quarta-feira, 5 de maio de 2010
O que faz uma pessoa se deslocar de outro Estado para assistir ao show do Metálica, Aerosmith, Madonna, ou qualquer outro artista internacional e, além disso, pagar uma fortuna pelo ingresso? Ou se acabar em meio à multidão, chorando, desmaiando, se esgoelando quando o ídolo está no palco? Antes de me tornar um fã, achava ridículo o que algumas pessoas eram capazes de fazer por seu artista favorito. Esse negócio de seguir o artista em suas apresentações ao vivo, pesquisar sua vida pessoal, acompanhar novidades, tirar fotos, gritar, chorar, achava isso uma idiotice. Entretanto, sou um ridículo também, até porque todo fã de verdade é um apaixonado, e todo apaixonado é bobo e deveras um chato.

Falar mal do artista favorito é um insulto, é comprar uma briga feia. Lembro que brigava sempre com uma amiga da faculdade porque fazia críticas a Cládia Leite, ela ficava revoltada e retribuía falando mal do Pato Fu, minha banda favorita, não chegávamos a um consenso nunca, impressionante. Nesses casos temos que ser tolerantes, porque nem todos são obrigados a ter o mesmo gosto, mesmo que seja duvidoso. Vale ressaltar, que é preciso dosar o fanatismo, porque alguns beiram a loucura, basta lembrarmos de casos de fãs que assassinaram seus ídolos, como no famoso episódio de John Lenon.

Acredito que tem dois tipos de fãs, aqueles que são tão cegos pelo artista que tudo feito por ele é lindo, maravilhoso, surpreendente, são os tipos de fã mais apaixonados pelo artista do que pelo seu trabalho, esses são os mais chatos. Já a outra categoria de fã, na qual me encaixo, são os que, apesar de apaixonados e defensores até a morte de seu ídolo, sabem ter uma visão crítica sobre o trabalho do artista, capazes de reconhecer quando ele vacilou, ou fez um trabalho aquém do seu talento.

Enfim, ser fã é admirar seu ídolo, amá-lo, sentir a energia que ele transmite através da música, defende-lo contra tudo e contra todos independente de seus defeitos e boatos contra ele. E apesar de não se conhecerem, a relação entre o fã e seu ídolo é muito forte, a cumplicidade nunca terminará, esse é o ponto mais interessante dessa relação. É como uma adoração religiosa. Só quem é fã é capaz de entender esse sentimento. É por isso que toda vez que meu artista favorito entra no palco, grito, canto junto com a música, choro toda vez que me sinto emocionado, e tiro diversas fotos, mesmo já tendo várias, peço autográfo. Conclusão: Todo fã é um bobo e consequentemente um chato.

Quando menos é mais

sexta-feira, 23 de abril de 2010
Quem disse que tamanho é documento? Pelo menos no mundo da música não é. Toda vez que vejo um programa de calouros, com aspirantes a novos cantores, me dá um frio na espinha. Parece que a maioria deles foram tirados do mesmo balaio. Além de se preocuparem demais com suas performances querem mostrar os seus poderes vocais, e é aí que mora o perigo, alguns exageram tanto que faltam estourar nossos tímpanos. Como se gritar, ou esgoelar-se, fosse pré-requisito para transmitir emoção ou tirar o melhor de uma música.

Claro que alguns cantores têm um poder vocal fantástico e é legítimo explorar esse dom, a questão é saber explorar sem exageros, sem muita presepada. Ter uma “voz pequena” não significa ter menor qualidade técnica, refere-se a artistas que tem menor potencia e volume sonoros, porém podem apresentar tanta expressividade quanto àqueles com voz de alcance poderoso. Hoje ter uma voz poderosa não é exigência absoluta na música, há alguns gêneros que valorizam a voz mínima como a Bossa Nova, por exemplo. Para alguns cantores isso é uma limitação física, enquanto outros limitam seus recursos vocais em busca de uma interpretação mais intimista e econômica, a exemplo de João Gilberto e a cantora paulista Tiê.

Particularmente, sou adepto do canto minúsculo, adoro o clima intimista que alguns artistas conseguem transmitir, exaltando emoções sem apelar para artifícios. Adoro a voz meiga e aconchegante de Fernanda Takai, que consegue interpretar canções tristes e sofridas sem melodramas, a exemplo da canção “Luz Negra”, “Insensatez”, ou na interpretação emocionante e ímpar de “Ben”, de Michael Jackson. Outra que tem o canto contido é a francesa Carla Bruni, cujos sussurros conseguem transmitir toda sensualidade que a letra da música “Tu Es Ma Came” propõe. A cantora Lily Allen, com seu canto infantilizado e meigo, transmite facilmente o tom de deboche em canções como “Smile”.

Enfim, outras cantoras se encaixam no padrão de voz pequena, mas não deixam de ter um alcance emocional enorme. Elas se diferem de Whitney Houston e Celine Dion, por exemplo, que acabam por banalizar o sentimento presente nas letras de suas canções. De qualquer forma, para os ouvintes, o que importa é o que o artista consegue fazer com os dons que tem. Portanto, tamanho não é documento.

Renato Russo de volta em "Duetos"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Todo álbum póstumo pode soar como oportunista e caça-níquel, mas acredito que esse não seja o caso de “Renato Russo – Duetos”, uma edição que celebra os 50 anos que o cantor faria se estivesse vivo. O projeto foi idealizado por Marcelo Fróes, com total apoio da família Manfredini e lançado no final do mês passado. São 15 faixas ao todo em que Renato aparece dividindo os vocais com amigos. Mas o que pode parecer um insulto, nesse caso, é o fato de sete desses duetos não terem acontecido realmente, ou seja, os convidados emprestaram suas vozes para compor as canções, foram usados registros antigos e feita a montagem, mixagem, enfim, tudo através do computador e recursos tecnológicos disponíveis. Outra questão que pode parecer polêmica é ele não estar vivo para escolher com quem gostaria de dividir os vocais.

Tudo bem, caro leitor, isso pode parecer estranho. No entanto, depende da forma como o disco é produzido. Primeiro: não foram quaisquer pessoas que foram convidadas a fazer parte desse projeto, foram amigos e artistas que Renato admirava e com certeza ele não teria problema nenhum em dividir os vocais. Segundo: muitos discos de duetos recentes são feitos sem que os artistas estejam dividindo o mesmo estúdio, exemplos disso não faltam. Terceiro: todo fã de um artista que já morreu gosta quando se descobre algo inédito, ou algum registro antigo. É claro que tudo deve ser bem trabalhado, de bom gosto, sem muita promoção e banalidade, e foi isso que eu vi em “Renato Russo – Duetos”. Apesar das críticas, algumas canções me soaram naturais. Alguns dos chamados “falsos” duetos me provocaram muita emoção, a exemplo de “Strani Amori” com Laura Pausini, “Like a Lover” com Fernanda Takai, “Change Partners” com Caetano Veloso, e “La Solitudine” com Leila Pinheiro, ficaram muito bem feitas. É como se Renato estivesse vivo, é como se ele estivesse de volta. "Like a Lover" é, inclusive, inédita e a primeira música de trabalho do disco, a faixa é uma versão em inglês de "O Cantador", composta nos anos 60 por Dori Caymmi e Nelson Motta e gravada originalmente por Sérgio Mendes.

Polêmicas à parte, “Renato Russo – Duetos” é um disco que vale a pena, dá para matar a saudade. Antes de qualquer dúvida, ouçam e vejam se gostaram, porque eu gostei do que ouvi.

As faixas são as seguintes:

1. "Like a Lover" - com Fernanda Takai
2. "Celeste" - com Marisa Monte
3. "Vento no Litoral" - com Cássia Eller
4. "Mais Uma Vez" - com 14 Bis
5. "A Carta (The Letter)" - com Erasmo Carlos
6. "A Cruz e a Espada" - com Paulo Ricardo
7. "Cathedral Song" - com Zélia Duncan
8. "Change Partners" - com Caetano Veloso
9. "Strani Amori" - com Laura Pausini
10. "La Solitudine" - com Leila Pinheiro
11. "Come Fa Un'Onda" - com Célia Porto
12. "Só Louco" - com Dorival Caymmi
13. "Esquadros" - com Adriana Calcanhotto
14. "Nada por mim" - Com Herbert Vianna
15. "Summertime" - com Cida Moreira

Ps: Gostaria de colocar apenas o audio da música, mas não rolou, então postei um "video" do youtube, com a letra da música Like a Lover.

O Pop Made in Japan

terça-feira, 13 de abril de 2010
Esse post será dedicado a uma banda bem bacana que eu descobri não faz muito tempo, e pesquisando sobre sua história, ouvindo suas músicas, vendo seus vídeos, percebi o quanto a música japonesa é legal, mesmo sem entender p#%&* nenhuma. Estou falando do Pizzicato Five, que parece ter saído de um desenho animado japonês, portanto, não estranhe se soar familiar, pois eles já fizeram parte de trilha sonora de desenhos, filmes e games. O Pizzicato Five ou simplesmente P5, foi o grupo pop japonês mais conhecido pelo público oriental, com destaque para a dupla Maki Nomiya e Yasuharu Konishi.

Com uma sonoridade simples, porém criativa, e performance irreverente, o Pizzicato Five foi uma das revelações do cenário pop japonês. A sua marca registrada era justamente aliar o elegante figurino sessentista da vocalista Maki Nomiya, com minissaias, estampas geométricas, cabelo assentado, tudo muito pop, muito cool. Algumas canções ganham título em francês, italiano, inglês e até português, o que lhes confere um caráter ainda mais universal, mesmo elas sendo executadas em japonês. Uma curiosidade: o P5 fez uma versão (não em japonês, mas em inglês) da música “Garota de Ipanema”, que ficou super interessante, presente no álbum Made in Usa (1994). Nesse mesmo álbum está um dos seus principais hits “Twiggy Twiggy”, conhecido pelo seu divertido videoclipe, que foi razoavelmente executado na MTV Brasil, eu mesmo já tentei imitar aqueles passinhos.

A banda acabou em 2001, mas só recentemente virei fã. Gosto da voz e do chame da Maki Nomiya, ela é irresistível, assim como o seu Twiggy Twiggy. Alguns de vocês podem não gostar do Pizzicato Five, achar chato, bobo, nerd, engraçado, sem graça, enfim, podem achar um milhão de coisas, é um pop sem grandes pretensões, porém tão interessante quanto o seu país de origem. E para finalizar em grande estilo, segue o videoclipe “Twiggy Twiggy” para vocês se divertirem. Se gostarem indico ainda "La Règle Du Jeu", "Triste" e "Baby Portable Rock".

O lado negro e colorido de sair do armário

terça-feira, 6 de abril de 2010

Esse não era o tema previsto para essa postagem, mas antes que o assunto esfriasse resolvi que essa era a hora certa de tirar do armário, ou melhor, da cabeça, tudo que penso a respeito dos riscos que a carreira de um artista pode enfrentar quando ele assume sua homossexualidade. Sem preconceito e hipocrisia, isso é um fato que pode sim afetar para o bem ou para o mal a carreira de um artista.

Recentemente o cantor porto-riquenho Ricky Martin, assumiu ser gay para o público em seu site, “Hoje aceito minha homossexualidade como um presente que a vida me deu”, declarou ele. Nada que pudesse gerar tanta surpresa, apesar dos inúmeros artigos e notícias relacionadas em revistas e jornais de fofocas mundo a fora. Essa era uma questão que o perseguia a muito tempo. Talvez algumas fãs estejam decepcionadas, uma decepção passageira, mesmo porque não será por causa desse pequeno detalhe que elas deixaram de ser fãs ou queimarão seus discos. Posso não estar certo, mas o máximo que pode acontecer é ele deixar de ser um símbolo sexual feminino e passar a ser um símbolo sexual dos gays, como George Michael, por exemplo. Ou quem sabe ele iniciará uma nova etapa de sua carreira com muito mais liberdade criativa e muito mais feliz.

Com uma carreira consolidada, milhões de discos vendidos, entendo que a decisão de tornar pública sua opção sexual tão tardiamente tenha sido coerente, a possibilidade de rejeição, é nesse caso, algo muito provável de acontecer, mesmo que seja apenas inicial. Muito pior seria protagonizar algum escândalo e ser forçado a sair do armário como foi o caso de George Michael, que em 1998 foi preso em Los Angeles após ser flagrado fazendo sexo com um homem em um banheiro público, depois disso seu sucesso nunca mais foi o mesmo.

Assumir a homossexualidade nunca foi uma tarefa fácil não só no mundo da música como em todas as instancias artísticas, exatamente por oferecem algumas limitações, como por exemplo, estar restrito a um tipo determinado de público. É claro que nem todos encontram problemas em sair do armário, ganham admiração e seguidores, caso de algumas artistas da MPB. Mas por conta do conservadorismo do público isso não pode ser concebido a todos.

A estética do videoclipe

quarta-feira, 31 de março de 2010
Vendo recentemente o novo e tão comentado videoclipe da Lady Gaga, Telephone, resolvi dedicar esse post ao videoclipe. Não irei me estender na sua história, para isso basta fazer uma consulta no Wikipédia, mas falar um pouco da sua estética e o seu papel como peça de divulgação da música pop.
O videoclipe começou a ser amplamente utilizado nos anos 60 pelos Bleatles, mas foi nos anos 80 que ele começou a ser popularizado, adquirindo uma estética e linguagens próprias. Além da música e da imagem, outros elementos como montagem, edição, efeitos especiais, entre outros, passaram a fazer parte da elaboração de um videoclipe. Nesse sentido, podemos com toda certeza afirmar que o grande responsável pela revolução do videoclipe é o rei do pop Michael Jackson. Se antes os videoclipes eram meras fusões de imagens que faziam algum tipo de referência à música, a partir dos clipes de Billie Jean e Beat it, houve uma aproximação formal do videoclipe com o cinema, através do conceito de enredo. O clipe mais famoso do disco de Jackson é o homônimo Thriller. O clipe é uma espécie de curta metragem , Thriller tem tudo de filme narrativo, além do enredo, apresenta personagens principais, um letreiro de apresentação, créditos finais, etc. Sua contribuição mais importante foi subverter a música ao clipe, e não o clipe à música. Ou seja, a música do clipe é bastante diferente daquela encontrada no disco. Thriller é um marco na música pop e também na história dos videoclipes.

Pois bem, hoje os videoclipes são apresentados de diversas formas, utilizando diferentes tecnologias, e não deixam de ser excelentes peças para divulgação de música. Particularmente acho mais interessantes videoclipes com enredos, com uma boa história para contar, mais do que simplesmente o registro da banda ou artista em ação. Parece que Lady Gaga aprendeu muito bem a lição, seus videoclipes são cheio de metáforas, com Telephone ela se supera sendo, inclusive, coautora do roteiro, e apresenta uma série de referências aos trabalhos do diretor Quentin Tarantino. Ponto para ela, Telephone é um bom videoclipe, e deixa de vez marcada sua identidade, já que explora ao extremo sua imagem. Resultado: em apenas uma semana, após estréia, ultrapassou a marca dos 20 milhões de acessos.

Enfim, fico impressionado com a criatividade de alguns diretores, clipes de artistas como R.E.M., Björk, Daft Punk, estão entre os meus favoritos. Entre os brasileiros estão sem dúvida os da banda Pato Fu, que eu simplesmente adoro! O Pato Fu, por exemplo, teve uma iniciativa inédita no Brasil, lançou em 2007 um DVD de videoclipes de todas as faixas do álbum “Toda Cura Para Todo Mal”, todos os clipes puderam ser feitos com total liberdade pelos diretores, alguns já consagrados como Jarbas Agneli, do famoso clipe Made in Japan. Alguns foram feitos com animação, outros com tecnologia de última geração como em Anormal. O videoclipe é sem dúvida uma peça fundamental de divulgação da música pop.

Para ver e ouvir:
Eu - Pato Fu


Grudenta, mas descartável

terça-feira, 16 de março de 2010
É impressionante como algumas canções se tornam chiclete, martelando em nossas cabeças mesmo quando não gostamos delas. Sem querer querendo somos pegos cantarolando, ou pior, tentando fazer alguns passinhos de dança das canções hits, aquelas que tocam incansavelmente nas rádios ou são exibidas em videoclipes na MTV. Nem um gênero musical escapa da canção hit, mas no pop a música chiclete é item obrigatório.

Na música pop (não qualquer Pop, mas o entertainment), qualquer cantor(a) que queira se destacar nesse cenário disputadíssimo tem que lançar uma canção que despontará como música do ano, ou pelo menos figurar entre as mais executadas. São geralmente músicas de apelo fácil, refrão curto e simples, que falam geralmente de festas, namoro, sexo, bebida, vingança, e todo tipo de banalidade, sendo associadas, na maioria das vezes, a performances extremamente sensuais e dançantes. Eis a fórmula da canção chiclete. Já me peguei cantando “Single Ladies Put A Ring On It” - chicletíssima!-, “Bad Romance”, “Gimme More”, "Tik Tok" (que eu não sabia nem quem cantava) e a chata, mas grudenta “Put It in a Love Song”, fora outras tantas por aí. Não tem jeito, o pop não polpa ninguém.

Enfim, sei que me divirto muito ouvindo e vendo tais performances, e cantarolando também, até porque sou apreciador da música pop, sem preconceitos, além de renderem muito pano pra manga. Mas, ainda bem que são iguais a chiclete, quando perde a graça nós descartamos.

As mulheres no poder!

sexta-feira, 12 de março de 2010


Essa semana foi comemorado o dia internacional da mulher, mais precisamente em 08 de março, e nada melhor que aproveitar essa deixa para falar sobre elas dentro do contexto musical. O movimento feminista levantava diversas bandeiras, como o direito ao voto, a igualdade salarial perante aos homens, a liberdade sexual, etc, etc. No cenário musical as mulheres também foram à luta contra o preconceito. No Brasil, por exemplo, as cantoras do rádio eram taxadas de todo tipo de adjetivos nada agradáveis. No século XIX a maestrina Chiquinha Gonzaga foi pioneira em quebrar as barreiras do preconceito enfrentando todo tipo de crítica, inclusive transitando entre o popular e o erudito. Nesse sentido, muitas cantoras da época de ouro do rádio se destacaram.

As mulheres passaram não só a mostrar talento para o canto como também tocar instrumentos que se encontravam sob o domínio dos homens. Com uma guitarra na mão elas impunham respeito. Janis Joplin, por exemplo, estava à frente de seu tempo, mostrou que rock também é coisa de mulherzinha, e de sexo frágil elas não tem é nada. Rainha branca do Blues com uma voz inconfundível, polêmica, espontânea, excêntrica, sensível, Janis foi com certeza a primeira voz feminina a marcar o rock chamando atenção do público com seu jeito despojado, estrondoso vocal, e principalmente pela maneira emotiva com que dava vida as suas canções. Começava a se abrir uma clareira em meio a escuridão do preconceito, as portas estavam agora abertas.

A rainha do Rock nacional Rita Lee, é sem dúvida alguma uma das maiores cantoras do nosso país. Talentosa, inteligente, criativa, soube driblar esse difícil caminho do rock tupiniquim. Rita Lee é também nosso grande exemplo de mulher brasileira que soube superar os preconceitos no inicio de sua carreira. Ela é hoje um exemplo e influência para a nova geração de cantoras nacionais.

Na seara do Pop estrangeiro a lista de heroínas é grande, leia-se Cyndi Lauper (ADORO), Tina Tuner, Whitney Houston e Madonna, essa última, responsável por toda diversidade de performances femininas que vieram depois. Todas elas com vozes marcantes tornando-se Divas mundiais, não há um ser que não seja seduzido por elas.

Se séculos atrás as mulheres que optavam pela carreira musical não podiam fazer muita coisa, hoje elas podem tudo, inclusive dominam o mercado mundial de discos. Elas se destacam por suas canções, suas vozes, sensualidade, por tudo e qualquer coisa, o palco é delas!




Sugestão de músicas para se ouvir lendo esse post:

Janis Joplin - "Piece of my heart"
Rebeca Matta - "Garotas boas vão pro céu, garotas más vão pra qualquer lugar"
Cyndi Lauper - "Girls Just Want To Have Fun"
Rita Lee - "Todas as mulheres do mundo"

Espicha Verão - Praia 24hs

sexta-feira, 5 de março de 2010
A terceira edição do Projeto Espicha Verão veio com tudo esse ano, o projeto tem a inteção de movimentar o circuito cultural da cidade e fazer com que os turistas permaneçam após o período do carnaval. O projeto abriga uma ampla programação que vai de atividades esportivas a uma série de shows, passando por concurso de caldinhos, cinema e teatro itinerante, exposição de artesanato e desfile de manifestações folclóricas do estado. Mas, o momento mais esperado são os shows que acontecem em plena praia do Porto da Barra. São dois palcos, um em terra e outro no mar, onde as atrações começam a se revezar a partir das 18h. Na primeira semana, a homenagem foi a Dorival Caymmi, com destaque para Alice Caymmi, 19 anos, filha de Danilo e neta de Caymmi (1914-2008), que lançou seu primeiro disco em 2009. Em 6 de março, o Espicha Verão comemora o Dia Internacional da Mulher, a convidada nacional é a carioca Isabella Taviani. O francês Pierre Verger (1902-1996) receberá homenagens dia 13, com uma exposição de fotografias no espaço chamado Praça das Artes, em frente ao Forte de Santa Maria. Neste dia, a atração mais aguardada é o grupo cubano Buena Vista Social Club.

O palco flutuante é um dos maiores encantos do projeto Espicha Verão, desde sua primeira edição. Fica localizado entre 30 e 50 metros da praia, a depender da maré do dia. Por lá, já passaram artistas como Gal Costa, Luiz Melodia e Francis e Olívia Hime.

Segue a programação de shows:

Dia 27/02 – Noite Dorival Caymmi

- Carlos Gazineu
- Carlinhos Cor das Águas
- Juan e Ravena
- Paulinho Boca
- Filhos de Ghandy
- Caymmi em 3 Tempos com Marilda Santana, Neto Costa e Simone Mota
- Alice Caymmi
- Jussara Silveira e Luiz Brasil
- Aloísio Menezes

Dia 6/03 – Homenagem ao Dia Internacional da Mulher
- Chita Fina
- Noeme Bastos
- Patrícia Costa
- Claudia Cunha
- Samba das Moças
- Juliana Ribeiro
- Márcia Short
- Isabella Taviani

Dia 13 – Homenagem à América Latina

- Buena Vista Social Club
- Orquestra Fred Dantas
- Gerônimo
- Waltinho Queiroz
- Palmyra e Levita
- Orkestra Rumpilezz

Fui na edição passada, nos três sábados, foi muito legal, é muita cerveja, música boa e banho de mar!

A hora de revirar o baú

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nunca se produziu tanta música e artistas como hoje, com as facilidades tecnológicas proporcionadas pela internet qualquer um pode produzir um disco, com qualidade ou não. A internet facilita também descobrir novos artistas e redescobrir velhos, isso é bom, já que éramos limitados às prateleiras das lojas de discos. Mas, enfim, são tantos músicos para se ver e ouvir que nós acabamos perdidos em meio a tanta informação, é por isso que tem horas que é necessário revirar o baú da memória, da nossa coleção de discos, dos arquivos musicais, e reviver algumas canções que marcaram época e jamais se perderão, porque são eternas, não descartáveis, como muitas feitas atualmente. Esses dias, estava ouvindo Novos Baianos, bom demais, “Acabou Chorare” é uma obra prima da música nacional, considerado pela revista Revista Rolling Stone como o melhor disco nacional de todos os tempos, ouvi também Caetano, das antigas, Gal, Nara Leão, Mutantes, Blitz, bom demais. Muita coisa já tinha aqui em casa, inclusive em vinil, e o que eu não tinha tratei de baixar pela internet. E os internacionais? Também ouvi muito The Cranberries, Janis Joplin, Beatles, Michael Jackson, Cindy Lauper. E como tem muita coisa a ser descoberta ainda, um dos meus prazeres é ficar horas na internet pesquisando e descobrindo raridades.


Música para se ouvir lendo esse post : “Just My Imagination” – The Cranberries
Bebida: Vinho

A entrevista de Nick Hornby à Veja

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Semana passada a revista Veja apresentou uma entrevista com o escritor inglês Nick Hornby, nas páginas amarelas. Ele é autor de Best-selers como Alta Fidelidade e Um Grande Garoto, também responsável pelo roteiro do filme Uma Educação, que já teve sua estreia no Brasil, já vi o trailler e quero muito assisti-lo. Mas, a parte mais interessante da entrevista, feita pelo jornalista Jerônimo Teixeira, intitulada "O Pensador do Pop", é quando Hornby fala sobre música. Achei a entrevista bem esclarecedora e interessante, na entrevista Hornby diz que o Ipod e a internet mudaram completamente a forma como os fãs se relacionam com a música e que o rock já não serve mais para os jovens expressarem sua rebeldia. Gostei bastante.

* Segue uma parte da entrevista:

A música pop ainda é um canal para os jovens expressarem suas diferenças em relação aos pais?
Isso não funciona mais bem assim. O rock agora é como a literatura: existe uma biblioteca estabelecida. Você ouve o que está sendo feito hoje, e se dá conta de que algumas coisas se parecem com Jimi Hendrix ou Pink Floyd, e volta a escutar esses músicos. Sei que os jovens fazem isso: estão ouvindo Jimi Hendrix como quem lê Flaubert.

Então não há mais música para expressar rebeldia?
Bem, fora do rock, ainda há algumas formas musicais que os pais têm dificuldade para entender. O hip-hop é um exemplo, não tanto pela música em si, mas pela atitude social que seus artistas transmitem. É irônico: achamos que somos muito liberais e que nada do que nossos filhos façam pode nos chocar. O que nos choca no hip-hop são o machismo e o materialismo das letras. De certo modo, ficamos incomodados com o conservadorismo dessa música.

Em um artigo do ano passado sobre música digital, o senhor comenta que "uma música de três minutos não vai durar a sua vida toda". É uma ideia um tanto diferente da noção tradicional que temos de arte, como algo duradouro, que fala para apreciadores de todas as gerações.
Na verdade, não acho que as duas ideias sejam necessariamente incompatíveis. Uma boa canção pop pode ter algo a dizer a sucessivas gerações. Mas, no meu consumo diário de música, não quero ouvir algo que já ouvi 500 vezes antes. Ainda ouço Bob Dylan de vez em quando, mas não sei se vou ouvir, por exemplo, Blonde on Blonde do começo ao fim. Meus filhos ainda podem ter uma relação intensa com esse disco de Dylan. Trata-se de uma obra de arte que resiste ao tempo.

O iPod e a música em formato digital mudaram o modo como o ouvinte se relaciona com a música?

Sim. Foi uma mudança completa, e não sei ainda se para o bem ou para o mal. Há inúmeras comunidades organizadas em torno da música no mundo virtual, mas esse intercâmbio não existe mais no mundo real. Em Londres, pelo menos, não dá mais para ir a uma loja de discos para se encontrar com pessoas que tenham gosto musical similar ao seu. Esse tipo de loja, que eu retratei em Alta Fidelidade, não existe mais - aliás, seria impossível escrever esse livro ambientado nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, cresceu demais o volume de músicas disponíveis.

Como assim?
Na adolescência, minha relação com a música era muito íntima e intensa, porque eu não tinha dinheiro para comprar muitos discos. Comecei minha coleção com o primeiro disco- solo do Paul McCartney, que eu ouvi bastante. Comprei outros discos, mas não foram muitos. Hoje é bem diferente. Outro dia, uma sobrinha minha me pediu algumas indicações de música. Dez minutos depois, eu havia carregado perto de 200 álbuns no iPod dela. Uma quantidade dessas seria um sonho inalcançável quando eu tinha 15 ou 16 anos. Não sei como os jovens se relacionam hoje com a música, que importância lhe dão, com esse acesso tão fácil a uma quantidade tão grande.

O senhor sente falta das lojas de discos que fecharam?
Não sou um nostálgico. Não temos mais esses lugares de encontro para falar pessoalmente com outros fãs de música. Mas a internet oferece compensações. Eu vejo muitos blogs de MP3, que funcionam mais ou menos como lojas de discos - mas dando algumas canções de graça. Como consumidor, não estou preocupado com os formatos digitais. É como profissional de uma área criativa que eles me preocupam.

Por causa da dificuldade de cobrar por produtos digitais que caem na rede?
Sim. Daqui a dez anos, poderá ser difícil fazer dinheiro com livros, com música ou com filmes. Será um obstáculo para a profissionalização do artista. Pode afetar a qualidade das obras e até mesmo a idade das pessoas que fazem música. A única maneira de ganhar dinheiro com música será fazendo turnês a todo momento, o que, com exceções, não é uma atividade tão comum entre músicos mais velhos. Se você está na faixa dos 40 ou 50 anos e tem família, filhos para cuidar, a estrada não é necessariamente compatível com seu estilo de vida. A música pode acabar sendo como o serviço militar: algo que você faz por pouco tempo quando é jovem - e depois parte para outras coisas.

O senhor ainda compra CDs ou já aderiu completamente à música digital?
Não sou inteiramente digital. Compro CDs de vez em quando. Tenho a sensação de que, se não tenho a música fisicamente, ela se perde. Quando faço o download de alguns discos, uma semana depois não lembro mais quais eram. Já não sei mais o que tenho no meu iPod. É por isso que gosto de comprar os CDs mais importantes: é mais fácil lembrar deles quando estão visíveis em uma pilha na minha casa.


* Entrevista completa através do link : http://veja.abril.com.br/170210/pensador-pop-p-013.shtml