Quem disse que tamanho é documento? Pelo menos no mundo da música não é. Toda vez que vejo um programa de calouros, com aspirantes a novos cantores, me dá um frio na espinha. Parece que a maioria deles foram tirados do mesmo balaio. Além de se preocuparem demais com suas performances querem mostrar os seus poderes vocais, e é aí que mora o perigo, alguns exageram tanto que faltam estourar nossos tímpanos. Como se gritar, ou esgoelar-se, fosse pré-requisito para transmitir emoção ou tirar o melhor de uma música.
Claro que alguns cantores têm um poder vocal fantástico e é legítimo explorar esse dom, a questão é saber explorar sem exageros, sem muita presepada. Ter uma “voz pequena” não significa ter menor qualidade técnica, refere-se a artistas que tem menor potencia e volume sonoros, porém podem apresentar tanta expressividade quanto àqueles com voz de alcance poderoso. Hoje ter uma voz poderosa não é exigência absoluta na música, há alguns gêneros que valorizam a voz mínima como a Bossa Nova, por exemplo. Para alguns cantores isso é uma limitação física, enquanto outros limitam seus recursos vocais em busca de uma interpretação mais intimista e econômica, a exemplo de João Gilberto e a cantora paulista Tiê.
Particularmente, sou adepto do canto minúsculo, adoro o clima intimista que alguns artistas conseguem transmitir, exaltando emoções sem apelar para artifícios. Adoro a voz meiga e aconchegante de Fernanda Takai, que consegue interpretar canções tristes e sofridas sem melodramas, a exemplo da canção “Luz Negra”, “Insensatez”, ou na interpretação emocionante e ímpar de “Ben”, de Michael Jackson. Outra que tem o canto contido é a francesa Carla Bruni, cujos sussurros conseguem transmitir toda sensualidade que a letra da música “Tu Es Ma Came” propõe. A cantora Lily Allen, com seu canto infantilizado e meigo, transmite facilmente o tom de deboche em canções como “Smile”.
Enfim, outras cantoras se encaixam no padrão de voz pequena, mas não deixam de ter um alcance emocional enorme. Elas se diferem de Whitney Houston e Celine Dion, por exemplo, que acabam por banalizar o sentimento presente nas letras de suas canções. De qualquer forma, para os ouvintes, o que importa é o que o artista consegue fazer com os dons que tem. Portanto, tamanho não é documento.
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