A Bossa Nova de Fernanda Takai e Andy Summers

sexta-feira, 9 de novembro de 2012
O lançamento de Fundamental, novo disco solo da cantora Fernanda Takai (Pato Fu) em parceria com Andy Summers (Ex The Police), foi cercado de muita expectativa. O convite para fazer parte do projeto partiu do próprio Summers que, segundo ele, havia composto todas as músicas pensando na voz doce e objetiva de Takai. É claro que o convite foi prontamente aceito. Foram enviadas 18 músicas, nas quais 11 foram escolhidas pela cantora para fazer parte do álbum. Algumas ganharam versões em português feitas por John Ulhoa, Zélia Duncan e da própria Takai, sozinhos ou em parceria. O CD traz uma Bossa Nova com pegada pop e foi lançado também na Europa e Japão. No entanto, “Fundamental” é pouco sedutor.

Para quem acompanhou a estreia da cantora do Pato Fu na carreira solo com o elogiadíssimo “Onde Brilhem os Olhos Seus” (2007), ou mesmo sua trajetória na banda, poderá sentir certa estranheza nesse segundo trabalho. Pois mesmo tendo apresentado uma releitura de sucessos consagrados na voz de Nara Leão, aquele disco conseguia trazer um frescor e dar um ar de novidade as canções. Versões criativas e ousadas, mas sem perder a ternura. Agora, longe dos arrojos artísticos de seu marido John, “Fundamental” ganha uma identidade sóbria demais, algumas vezes burocrática e cansativa. A voz de Fernanda está ótima como sempre, segue a sofisticação dos arranjos de Summers, mas há poucos momentos de ousadia, diria até de liberdade.

Mas o problema está exatamente em estar acostumado com Fernanda no Pato Fu ou sob a supervisão de John. Ao esquecer isso, o disco soa gostosinho até pra quem não está habituado a Bossa Nova. A faixa que dá título ao CD é altamente agradável de ouvir. Algumas canções rompem momentos de marasmo como “No mesmo lugar (Here i am again)”, “You Ligth my dark”, “Smile and blue sky me” e a excelente “Human kind”. No mais, “Fundamental” é um disco que prima pelo sofisticado arranjo instrumental, que traz o percussionista Marcos Suzano transmitindo mais brasilidade as canções, e baixista mexicano Abraham Laboriel.

Apesar do estranhamento inicial, eu que sou fã da Fernanda, me acostumei com a sonoridade do disco. Hoje, ele é fundamental na minha lista de álbuns favoritos.