Cansei de Ser Sexy – La Liberación

sábado, 21 de janeiro de 2012

A Banda Cansei de Ser Sexy ou simplesmente CSS não entrou para nosso top 10, mas, sem dúvida, seu disco mais recente, La Liberación, entra na lista dos 15 melhores de 2011. A banda formada por Lovefoxxx, Ana Rezende, Luiza Sá, Carolina Parra e Adriano Cintra, opa! o Adriano deixou o grupo recentemente, resultado de prováveis desentendimentos. Apesar da perda, a turma continua em turnê mundial mesmo sem ele. CSS ficou famosa na cena indie com sucessos que viraram hits como “Alala”, "Meeting Paris Hilton" e “Music is my hot hot sexy”. A banda ganhou destaque e projeção na internet conquistando o público gringo ficando mais conhecidos fora do Brasil.

Nesse terceiro disco o CSS resgata suas origens, porém de forma mais madura, harmônica e sem os exageros do antecessor Donkey (2008). La Liberación é bastante experimental e mistura o melhor dos seus trabalhos anteriores. Nesse sentido, a sonoridade surpreende pela diversidade. Instrumentos como saxofone, piano, trombeta e guitarra espanhola tem presença marcante na estética do álbum. Composto de 11 faixas, cada uma aponta para uma direção, no entanto, sem perder a identidade. La Liberación é, portanto, um disco dinâmico, envolvente e interessante. 

A faixa de abertura “I love you” tem uma pegada eletrônica e dançante, um bom convite para ouvir o que vem pela frente. Em seguida a vibe muda de lugar e dá espaço para “Hits me like a rock”, uma espécie de eletro-reggae com um refrão grudento e irresistível. A música conta ainda com a participação vocal de Bobby Gillespie, do Primal Scream. A referência flamenca entra em cena em “City grrrl”, a guitarra espanhola dialoga com o pop eletrônico em uma das músicas mais legais, que já tem clipe no melhor estilo Cansei de Ser Sexy. A banda arrisca no espanhol na canção que dá nome ao disco, mostrando energia e a irreverência que lhes são típicas, “Grita! Grita! Mami! Mami! Mami! Grita! La-la-la Liberación, Te-te-te Liberes” diz o refrão. No final eles chutam o pau da barraca e cantam "Fuck everything". Destaque também para a deliciosa You cold have it all”, as bacanas “Rhythm to the rebels” e Red alert”. O humor escrachado, a diversão e a vontade de experimentar vêm com força total nesse novo trabalho. Veja o clipe de “Hits me like a rock” e divirta-se! O clipe de "City grrrl" também já está disponível.


Os melhores de 2011 - Top 10 Nacional

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Para quem acha que a música brasileira está em crise, realmente não tem percorrido os lugares certos. O ano de 2011 foi marcado por grandes lançamentos. Veteranos e novatos destacaram-se na cena musical com discos bem bacanas, alguns foram destaques nas listas dos melhores do ano em diversos blogs de música, rádios e revistas especializadas. O Todos os Ouvidos se baseia em algumas dessas indicações e monta sua própria lista, servindo também como uma recomendação aos leitores do blog. 

Segue abaixo os 10 melhores álbuns nacionais de 2011:


10. Mallu Magalhães - Pitanga
Apesar de ter certa resistência a Mallu Magalhães, dessa vez ela me surpreendeu verdadeiramente. Pitanga é um disco envolvente, leve, gostoso e cheio de amor. O álbum revela novas facetas da cantora, que dessa vez dá mais destaque a bossa nova, MPB e a surf music. O folk aparece com menos frequencia, e os temas juvenis, característicos dos trabalhos anteriores, dão lugar ao romantismo. O álbum tem um toque todo especial de Marcelo Camelo que assinou a produção. Destaque para as músicas "Velha e Louca", "Sambinha bom", "Youhuhu".


9. Los Porongas – O Segundo Depois do Silêncio
Grupo acreano, pouco conhecido pelo público, lançou seu segundo disco e se destacou entre a crítica. Difícil encontrar essa preciosidade, mesmo para quem vive garimpando novidades por aí. Com 12 faixas, uma produzida em parceria com Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) “Sangue Novo”. O álbum explora novas sonoridades, instrumentos como metais, viola caipira e piano, além de participações especiais, como Hélio Flanders (Vanguart) e Maurício Pereira (ex-Mulhers Negras). Uma maravilha para os ouvidos. Destaques: "Fortaleza", "Desordem (Time Out)", "A Verdade".

8. Cícero – Canções de Apartamento
Álbum de melodias e letras delicadas. Uma bossa nova repaginada com um repertório repleto de boas referências da MPB. Um bom início de carreira para um artista talentoso. Comece ouvindo "Tempo de Pipa" e viaje nas letras e sonoridade desse disco envolvente.
7. Chico Buarque – Chico
Álbum ansiosamente aguardo que não agradou a todos, esperava-se algo mais. O disco está disposto em dez faixas correspondendo a apenas trinta minutos de música, o que gera um pouco de frustração nos fãs. Porém, Chico optou pela simplicidade e uma aura intimista nesse novo trabalho, deixando de lado letras muito longas. A temática é relativamente pessoal. Destaques para "Essa Pequena", "Meu Querido Diário".

6. Marisa Monte – O Que Você Quer Saber de Verdade
O aguardadíssimo oitavo disco de Marisa Monte chegou exaltando a felicidade e o amor. Alguns fãs e críticos se frustraram por terem considerado um disco fraco, simples e convencional demais, principalmente se comparado aos seus trabalhos anteriores “Infinito Particular” e “Universo ao Meu Redor” (2006) . Mas, o grande mérito do álbum é exatamente esse, a simplicidade. A cantora parece cantar de forma livre e sem pretensões. A proposta é exaltar o romantismo e a felicidade, como em "Amar Alguém",  "Seja Feliz", "O que Você quer Saber de Verdade".

5. Lenine – Chão
Sou suspeito ao falar de Lenine, que é um artista que adoro e considero dos mais criativos da música brasileira. O novo álbum do cantor aposta no experimentalismo, mas sem exageros. Todas as canções são molduradas pela captação de ruídos e sons naturais, como em "Se não for Amor, Eu Cegue" conduzida por batimentos cardíacos e ruídos de respiração, "Uma Canção e Só" ouvi-se o apito de uma chaleira, em "Malvadeza" percebe-se o barulhinho de cigarras, ou em "Envergo, mas não Quebro" o som de motosserra e a derrubada de uma árvore.  Em apenas 28 minutos de música, Lenine transmite uma sensação de acolhimento profundo e ímpar. 


4. Mariana Aydar – Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo
Diferentemente do ensolarado “Peixes, pássaros, pessoas” (2009), nesse novo disco Mariana se distancia do samba trazendo um repertório mais diversificado. O Jazz, tango, carimbo e forró, são alguns dos ritmos explorados. A diversidade pode ser justificada pela contribuição do baiano Letieres Leite, fundador da Orquestra Rumpilezz, e que coproduziu o disco. Com poucas faixas autorais, o álbum é basicamente constituído de regravações, que por sinal são ótimas. Destaque para Nine Out of Ten”, de Caetano Veloso, gravada no disco Transa, de 1972 e "Vai Vadiar", conhecida na voz de Zeca Pagodinho. 


3. Criolo – Nó na Orelha
Não entendo muito de rap ou hip hop, mas não tinha como ficar indiferente a um artista que foi o destaque do ano, tanto por estar presente em diversas listas de melhores álbuns de 2011 como pelos prêmios adquiridos no VMB. A audição de Nó na Orelha foi uma experiência maravilhosa. O álbum extrapola qualquer tipo de rótulo ficando difícil classificá-lo. É muito mais que um disco de rap. Destaque para as canções "Bogotá",  "Não existe amor em SP"



2. Karina Buhr – Longe de Onde
Karina nos encanta pela sua delicadeza e acidez. Um disco cheio de vibração e uma estética impecável. Mais informações no post “Karina Buhr me dá asas!”



1. Gal Costa – Recanto
O sangue tropicalista ainda corre em suas veias. Gal Costa apresenta um álbum experimental, inovador, ousado e totalmente imprevisível. Sob a batuta de Caetano Veloso, responsável por todas as composições e que também assina a produção do disco, Gal usa sua voz inconfundível em arranjos eletrônicos. Com uma parceria dessas e com um disco fora do comum, o Todos os Ouvidos elege Recanto o disco do ano. Destaque para "Neguinho", "Miame Maculelê", "Autotune Auterotico", "Recanto Escuro", "Mansidão".