Para quem acha que a música brasileira está em crise, realmente não
tem percorrido os lugares certos. O ano de 2011 foi marcado por grandes lançamentos.
Veteranos e novatos destacaram-se na cena musical com discos bem bacanas, alguns foram destaques nas listas dos melhores do ano em diversos blogs de música,
rádios e revistas especializadas. O Todos os Ouvidos se baseia em algumas
dessas indicações e monta sua própria lista, servindo também como uma recomendação aos
leitores do blog.
Segue abaixo os 10 melhores álbuns nacionais de 2011:
10. Mallu Magalhães - Pitanga
Apesar de ter certa resistência a Mallu Magalhães, dessa vez
ela me surpreendeu verdadeiramente.
Pitanga é um disco envolvente, leve,
gostoso e cheio de amor. O álbum revela novas facetas da cantora, que dessa vez dá
mais destaque a
bossa nova,
MPB e a
surf music. O
folk aparece com menos
frequencia, e os temas juvenis, característicos dos trabalhos anteriores, dão
lugar ao romantismo. O álbum tem um toque todo especial de Marcelo Camelo que assinou a produção. Destaque para as músicas "
Velha e Louca",
"Sambinha bom", "
Youhuhu".
9. Los Porongas – O Segundo Depois do Silêncio
Grupo acreano, pouco conhecido pelo público, lançou seu
segundo disco e se destacou entre a crítica. Difícil encontrar essa
preciosidade, mesmo para quem vive garimpando novidades por aí. Com 12 faixas, uma
produzida em parceria com Dado Villa-Lobos (Legião Urbana)
“Sangue Novo”. O álbum explora novas sonoridades, instrumentos como metais, viola caipira e
piano, além de participações especiais, como Hélio
Flanders (Vanguart) e Maurício Pereira (ex-Mulhers Negras). Uma maravilha para
os ouvidos. Destaques:
"Fortaleza", "Desordem (Time Out)", "A Verdade".
8. Cícero – Canções de
Apartamento
Álbum de melodias e
letras delicadas. Uma bossa nova repaginada com um repertório repleto de boas
referências da MPB. Um bom início de carreira para um artista talentoso. Comece ouvindo "Tempo de Pipa" e viaje nas letras e sonoridade desse disco envolvente.
7. Chico Buarque – Chico
Álbum ansiosamente aguardo que não agradou a todos, esperava-se algo mais. O
disco está disposto em dez faixas correspondendo a apenas trinta minutos de
música, o que gera um pouco de frustração nos fãs. Porém, Chico optou pela simplicidade
e uma aura intimista nesse novo trabalho, deixando de lado letras muito longas. A
temática é relativamente pessoal. Destaques para "Essa Pequena", "Meu Querido Diário".
6. Marisa Monte – O Que Você
Quer Saber de Verdade
O aguardadíssimo oitavo
disco de Marisa Monte chegou exaltando a felicidade e o amor. Alguns fãs e
críticos se frustraram por terem considerado um disco fraco, simples e convencional demais, principalmente se comparado aos seus trabalhos anteriores “Infinito Particular” e “Universo ao Meu Redor” (2006) . Mas,
o grande mérito do álbum é exatamente esse, a simplicidade. A cantora parece
cantar de forma livre e sem pretensões. A proposta é exaltar o romantismo e a
felicidade, como em "Amar Alguém", "Seja Feliz", "O que Você quer Saber de Verdade".
5. Lenine – Chão
Sou suspeito ao falar de
Lenine, que é um artista que adoro e considero dos mais criativos da música
brasileira. O novo álbum do cantor aposta no experimentalismo, mas sem
exageros. Todas as canções são molduradas pela captação de ruídos e sons
naturais, como em "Se não for
Amor, Eu Cegue" conduzida por batimentos cardíacos e ruídos de respiração,
"Uma Canção e Só" ouvi-se o apito de uma chaleira, em
"Malvadeza" percebe-se o barulhinho de cigarras, ou em "Envergo, mas não Quebro" o som de
motosserra e a derrubada de uma árvore. Em
apenas 28 minutos de música, Lenine transmite uma sensação de acolhimento
profundo e ímpar.
4. Mariana Aydar –
Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo
Diferentemente do
ensolarado “Peixes, pássaros, pessoas” (2009), nesse novo disco Mariana se
distancia do samba trazendo um repertório mais diversificado. O Jazz, tango,
carimbo e forró, são alguns dos ritmos explorados. A diversidade pode ser
justificada pela contribuição do baiano
Letieres Leite, fundador da Orquestra Rumpilezz, e que coproduziu o disco. Com
poucas faixas autorais, o álbum é basicamente constituído de regravações, que por
sinal são ótimas. Destaque para “Nine Out of Ten”, de Caetano Veloso,
gravada no disco Transa, de 1972 e "Vai Vadiar", conhecida na voz de Zeca
Pagodinho.
3. Criolo – Nó na Orelha
Não entendo muito de rap ou hip hop, mas não tinha como ficar indiferente a um artista que foi
o destaque do ano, tanto por estar presente em diversas listas de melhores
álbuns de 2011 como pelos prêmios adquiridos no VMB. A audição de Nó na Orelha foi uma experiência maravilhosa. O álbum extrapola qualquer tipo de rótulo ficando
difícil classificá-lo. É muito mais que um disco de rap. Destaque para as canções "Bogotá", "Não existe amor em SP".
2. Karina Buhr – Longe de Onde
Karina nos encanta pela sua delicadeza e acidez. Um disco cheio de
vibração e uma estética impecável. Mais informações no post “Karina Buhr me dá asas!”
1. Gal Costa – Recanto
O sangue tropicalista ainda corre em suas veias. Gal Costa apresenta um álbum experimental, inovador, ousado e totalmente imprevisível. Sob a batuta de Caetano Veloso, responsável por todas as composições e que também assina a produção do disco, Gal usa sua voz inconfundível em arranjos eletrônicos. Com uma parceria dessas e com um disco fora do comum, o Todos os Ouvidos elege Recanto o disco do ano. Destaque para "Neguinho", "Miame Maculelê", "Autotune Auterotico", "Recanto Escuro", "Mansidão".