Para ouvir o disco de estreia de Gaby Amarantos é preciso esquecer os preconceitos e trancar a caretice no armário, até porque, de cara, já podemos julgá-lo pela capa. O cenário lembra uma floresta rodeada de caixas de som, no meio dela a cantora posa soltando raios laiser dos peitos e domando uma pantera negra. É muita exuberância. A capa de Treme (Som Livre) já dá uma amostra da experiência musical que está por vir.
Numa postagem anterior eu havia comentado o sucesso de Gaby Amarantos na cena musical contemporânea brasileira e de como o brega tem virado cult. Pois bem, o super aguardado disco Treme acaba de chegar às lojas e tem sido bem recebido pela crítica e público. O grande mérito de Gaby é a facilidade que tem em circular entre o mainstream e o underground, entre a galera tradicional e a mais descolada. Ela consegue abranger todas as parcelas do público. O álbum é um verdadeiro liquidificador sonoro e ultrapassa as fronteiras do Pará (Estado de origem da musa e do Tecnobrega). Ali estão o tecnopop, o brega, o merengue, a lambada, o carimbó e demais ritmos do Norte do país. A produção artística ficou a cargo de Carlos Eduardo Miranda, que já realizou trabalho do Raimundos e Mundo Livre S/A.
Gaby emplacou a música “Ex my love” na abertura da novela das sete, Cheias de Charme, da Rede Globo. Antes, virou hit na internet com “Xirley”, uma canção meio autobiográfica que está entre as melhores do disco. Dentro da proposta mestiça do CD, a participação da cantora Fernanda Takai (Pato Fu) na faixa “Pimenta com Sal” é uma surpresa, já que as duas cantoras têm estilos bem diferentes, mas a química deu certo. Também tem a participação de Dona Onete em “Mestiça”, a mais quietinha do disco, e da banda de tecnobrega Gang do Eletro em “Galera da laje”. O álbum conta ainda com a colaboração de Thalma de Freitas e Iara Rennó em “Chuva”, Felipe Cordeiro em “Ela está no ar”, e a própria Gaby atacando como compositora em “Faz o T”, “Eira” e “Gemendo”. Vale destacar a versão tecno da canção de Zezé de Camargo e Luciano, “Coração está em pedaços”, o que demonstra o apelo popular do disco.
Depois de Treme, esqueçam o rótulo de “Beyoncé do Pará”. Gaby Amarantos é uma figura original e não tem medo de ser chamada de brega. Só mesmo o seu carisma e ecletismo para romper a barreira entre o cafona e o chique.
Aperte o play e ouça Pimenta com Sal
Aperte o play e ouça Pimenta com Sal