A popularização da internet e a crescente utilização de recursos digitais viabilizaram novas práticas de produção, difusão e consumo de música. Vivemos atualmente a era dos downloads, a volta dos singles, a perda da autonomia do álbum e a super valorização dos shows, nunca se consumiu tanta música.
Apesar do contexto favorável a artistas, músicos e consumidores, é importante perceber a perda do valor da música gravada. A prática cada vez mais constante de baixar música de graça pelo computador problematiza uma série de questões. Primeiro fere a política dos direitos autorais, o artista e gravadora deixam de ter retorno financeiro e o domínio sobre sua obra. Outra questão envolve a perda de autonomia do álbum em valorização a músicas isoladas, deixando de ser uma obra fonográfica, conceitual, e passa a ser uma mera compilação de sucessos. Antes, o disco assumia uma importante autonomia artística, que hoje, diante da cultura MP3, parece não haver nenhum sentido. Pois ainda que o internauta possa baixar um álbum inteiro pela internet, ele não precisa gravar esse conteúdo no CD, e mesmo que o faça, o valor simbólico desse disco gravado não é o mesmo do antigo disco comprado.
Nenhum artista vive apenas da vendagem de disco, e sabemos disso, sua receita vem principalmente de shows, mas, em alguns casos, chega a ser vulgar a distribuição de material musical por algumas bandas, são distribuídos como panfletos. Assim, a obra musical deixa de ter valor artístico, perde a centralidade, tornando-se uma mera peça de divulgação, com o objetivo de vender ingressos para shows.
Portanto, não se trata apenas da perda de valor financeiro, que deve sim prever algum retorno aos envolvidos na produção da obra musical, claro que a preço justo. E o valor de um produto cultural é relativo e sempre polêmico. Mas a queixa principal reside mesmo na perda do valor artístico e no caráter descartável que a música vem ganhando. Interessante a atitude da banda Radiohead que deixou a critério do público o quanto pagariam pelas músicas do álbum “In Rainbows”. Uma estratégia inteligente e eficaz, eles não sairam perdendo.
A perda do valor da música gravada
Postado por
Ítalo Richard
às
14:02
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)
O BLOG
O AUTOR
- Ítalo Richard
- Produtor Cultural e estudante de jornalismo. Viciado em café, louco por música e não dispensa uma cervejinha com os amigos.
OLHOS E OUVIDOS
RECOMENDAÇÕES
-
-
Nelly Furtado - Honesty (Visualizer)Há 2 meses
-
TOP 5 - Os Melhores de 2012Há 11 anos
Postagens populares
-
O que faz uma pessoa se deslocar de outro Estado para assistir ao show do Metálica, Aerosmith, Madonna, ou qualquer outro artista internaci...
-
Engana-se quem pensa que música feita para crianças tem que ser boba, chata, “infantiloide”. Apesar do apelo ao universo infantil, ela pode ...
-
A banda Los Hermanos que tinha decretado seu fim, ou melhor, uma pausa por tempo indeterminado para que seus integrantes pudessem se dedica...
-
Mais um ano começou, o carnaval acabou e o Todos os Ouvidos demorou pra fazer sua listinha de melhores de 2012 . Mas estamos de volta e na...
-
Alguns posts atrás falei da importância da canção Like a Rolling Stone para a evolução da música e transformação da cultura pop mundial, ...
-
Ela já cantou com Lenine , Marisa Monte , Otto e Érika Martins *, estou falando da talentosíssima Julieta Venegas , que nasceu em territór...
-
O lançamento de Fundamental , novo disco solo da cantora Fernanda Takai (Pato Fu) em parceria com Andy Summers (Ex The Police), foi cerca...
-
O momento é mesmo das bandas teens , formada por jovens metidos a músicos, adorados por fãs adolescentes que acham suas músicas as melhores ...
-
Não, não é pagode, nem axé. Acabou o carnaval, mas o ritmo do verão foi outro, é o Black Semba do Magary Lord , artista que vem conqu...
-
O ano começou bem com dois grandes lançamentos da música brasileira, o novo trabalho de Céu “Caravana, sereia, bloom” , que adorei, mais i...